RESUMO
RACIONAL: A principal modalidade de tratamento do câncer gástrico (CG) é a ressecção cirúrgica associada a linfadenectomia. Apesar dos avanços no cuidado peri-operatório, as complicações cirúrgicas maiores podem ocorrer em até 20% dos casos. Para determinar a qualidade do atendimento cirúrgico empregado, foi proposto um novo indicador denominado failure to rescue (FTR), que avalia a porcentagem dos pacientes que vão a óbito após a ocorrência de complicações.
OBJETIVOS: Avaliar a taxa de FTR após gastrectomia e fatores associados com a sua ocorrência.
MÉTODOS: Foram avaliados retrospectivamente os pacientes com CG submetidos à gastrectomia com intenção curativa. De acordo com a ocorrência de complicações pós-operatórias, os pacientes foram divididos em grupo FTR (complicação grau V) e grupo resgatado (complicações grau 3-4).
RESULTADOS: Entre os 731 pacientes, 114 tiveram maiores complicações. Desses pacientes, 76 casos (66,7%) obtiveram sucesso no tratamento da complicação (grupo resgatados), enquanto 38 casos (33,3%) foram a óbito (grupo FTR). Os pacientes do grupo FTR apresentaram idade mais avançada (p=0,008, p<0,05), menores níveis de hemoglobina (p=0,021, p<0,05) e de albumina (p=0,002, p<0,05), e maior frequência de ASA III/IV (p=0,033, p<0,05). Não houve diferença entre os grupos quanto às características cirúrgicas e patológicas. As complicações clínicas apresentaram maior taxa de mortalidade (40.0% vs 30,4%), sendo complicações pulmonares (50,2%) e infecções (46,2%) as mais letais. Pacientes com complicações maiores grau III-IV tiveram pior sobrevida comparado aqueles sem complicações.
CONCLUSÕES: A taxa de FTR foi de 33,3%. Idade avançada, pior performance, e parâmetros nutricionais associam-se ao FTR.
DESCRITORES: Neoplasias Gástricas; Gastrectomia; Complicações Pós-Operatórias; Indicadores de Qualidade de Vida