RESUMO
RACIONAL: Apesar dos enormes avanços no tratamento das doenças inflamatórias intestinais (DII), alguns pacientes apresentam quadros de colite aguda refratária ao tratamento clínico, e necessitam de cirurgia de urgência.
OBJETIVOS: Avaliar os fatores de risco associados com complicações pós-operatórias precoces nos pacientes com colite aguda submetidos a colectomia na era das terapias biológicas.
MÉTODOS: Pacientes com DII admitidos com colite aguda grave submetidos a colectomia total em hospital terciário no período de 2012 a 2022 foram analisados. As complicações pós-operatórias foram graduadas de acordo com a classificação Clavien-Dindo (CCD). Pacientes com complicações mais graves (CCD≥2) foram comparados com os menos graves (CCD<2).
RESULTADOS: Foram submetidos a cirurgia 46 pacientes. As indicações foram: falha do tratamento conservador (n=34), preferência do paciente ou do cirurgião (n=5), hemorragia (n=3), megacólon tóxico (n=2) e perfuração intestinal (n=2). Reoperação foi necessária em oito pacientes, 60,9% tiveram complicações classificadas como CCD≥2, e três pacientes foram a óbito. Análise univariada identificou que uso de antibióticos no pré-operatório, diagnóstico de colite ulcerativa, hipoalbuminemia na admissão e período de internação maior que sete dias foi associada à complicações pós-operatória mais graves.
CONCLUSÕES: Pacientes com colite aguda submetidos a cirurgia de urgência apresentaram alta taxa de complicações pós-operatórias. Uso pré-operatório de antibióticos, diagnóstico de retocolite ulcerativa, hipoalbuminemia na admissão e retardo na operação por mais que sete dias, esteve associado a complicações pós-operatórias mais graves. Uso de biológicos não se associou a piores desfechos.
DESCRITORES: Proctocolite; Complicações pós-operatórias; Colite; Colectomia; Fatores de risco; Terapia biológica