INTRODUÇÃO: A abreviação do jejum perioperatório em pacientes candidatos à operações eletivas associa-se com menor tempo de internação hospitalar e diminuição de complicações pós-operatórias.
OBJETIVO: Conduzir uma revisão sistemática a partir de ensaios clínicos randomizados controlados para detectar se a abreviação do jejum traz benefícios para indivíduos submetidos à cirurgia oncológica comparativamente aos protocolos de jejum tradicionais.
MÉTODO: A busca na literatura foi realizada nas bases de dados eletrônicas: MEDLINE (Pubmed), Scielo, EMBASE e Cochrane, sem restrição de período. Utilizaram-se os descritores: "preoperative fasting", "cancer", "diet restriction" e "perioperative period". Foram incluídos ensaios clínicos randomizados, em indivíduos adultos, de ambos os sexos, com diagnóstico de câncer. Consideraram-se critérios de exclusão: uso de nutrição parenteral e publicações em duplicata. Todas as análises, seleções e extração dos dados foram feitas de maneira cega por avaliadores de forma independente.
RESULTADOS: Foram incluídos quatro artigos, com total de 150 pacientes, sendo 128 com câncer colorretal e 22 câncer gástrico. Os artigos foram publicados no período de 2006 a 2013. Os desfechos principais foram heterogênios, o que impediu a unificação dos resultados por meio de metanálise. Comparativamente aos protocolos tradicionais, os indivíduos submetidos à abreviação do jejum com a administração de líquidos contendo carboidratos tiveram melhora nos parâmetros glicêmicos (glicemia de jejum e resistência a insulina), inflamatórios (interleucina 6 e 10) e nos marcadores de desnutrição (força do aperto de mão e razão PCR/albumina), assim como menor tempo de internação. A qualidade metodológica dos artigos avaliados, porém, sugere que os resultados sejam interpretados com cautela.
CONCLUSÃO: A abreviação do jejum perioperatório em pacientes com neoplasias parece ser benéfica.
Neoplasia; Dieta; Jejum; Cirurgia