RESUMO
Racional: Distúrbios gastrintestinais são frequentemente relatados em pacientes com doença de Parkinson cujos distúrbios reduzem a absorção de nutrientes e fármacos, agravando o quadro clínico dos pacientes. No entanto, os mecanismos envolvidos na alteração da fisiopatologia gastrintestinal ainda não foram totalmente elucidados.
Objetivo: Avaliar os seus efeitos sobre a motilidade gastrintestinal e o envolvimento das vias vagal e esplâncnica.
Métodos: Ratos Wistar machos (250-300 g, n=84) foram utilizados e divididos em dois grupos. O grupo I (6-OHDA) recebeu injeção intraestriatal de 6-hidroxidopamina (21 µg/animal). O grupo II (controle) recebeu solução salina (NaCl, 0,9%) nas mesmas condições. O estudo do esvaziamento gástrico, trânsito intestinal, complacência gástrica e operações (vagotomia e esplancnotomia) foram realizadas 14 dias após a indução da neurodegeneração. Refeição teste (vermelho de fenol+glicose 5%) foi utilizada para avaliar a taxa de esvaziamento gástrico e o trânsito intestinal.
Resultados: A doença de Parkinson retardou o esvaziamento gástrico e o trânsito intestinal em todos os tempos estudados; porém, alterações da complacência gástrica não foram observadas. O retardo do esvaziamento gástrico foi revertido por pré-tratamento com vagotomia e esplancnotomia+gangliectomia celíaca, sugerindo assim, o envolvimento de tais vias nos distúrbios motores observados.
Conclusão: A doença de Parkinson compromete o esvaziamento gástrico, bem como o trânsito intestinal, mas não altera a complacência gástrica. O retardo do esvaziamento gástrico foi revertido pela vagotomia troncular, esplancnotomia e gangliectomia celíaca, sugerindo o envolvimento de tais vias no retardo do esvaziamento gástrico.
DESCRITORES: Neurodegeneração; 6-Hidroxidopamina; Fisiopatologia; Constipação; Vagotomia