RESUMO
Racional: Complicações biliares (CB) são os eventos adversos mais frequentes após o transplante de fígado, ocorrendo em até 34% dos procedimentos.
Objetivo: Identificar fatores de risco modificáveis para o aparecimento de complicações biliares após transplantes de fígado, essenciais para diminuir morbidade.
Método: Investigação dos dados clínicos, características anatômicas de receptores e doadores e informações sobre a operação de 306 transplantes com artéria hepática pérvia, para identificar fatores de risco associados ao aparecimento de CB.
Resultados: CB ocorreu em 22,9% após 126 dias (mediana) do transplante. Em análise univariada pacientes do grupo 1 (sem CB, n=236) e grupo 2 (com CB, n=70) não diferiram em suas características gerais. CB esteve relacionada à idade do receptor menor que 40 anos (p=0,029), infecção pelo citomegalovírus (CMV, p=0,021), doença biliar como indicação ao transplante (p=0,018), RNI pré-transplante mais baixo (p=0,009) e diâmetro do ducto biliar <3 mm (p=0,033). Infecções pelo CMV ocorreram mais precocemente em pacientes com CB (p=0,07). Na análise multivariada, somente infecção por ele, INR mais baixo e menor diâmetro do ducto biliar mantiveram correlação com CB. Antigenemia positiva para CMV correlacionou com CB mesmo em títulos inferiores ao cutoff para tratamento.
Conclusões: CB após transplante hepático esteve relacionada com menores RNI do receptor antes da operação, diâmetro do ducto biliar <3 mm e antigenemia ou manifestação clínica positiva para CMV. Como único fator de risco evitável, tratamento preemptivo para inibição do CMV é sugerido para diminuir morbidade biliar após o transplante.
DESCRITORES: Transplante de fígado; Ductos biliares; Infecções por citomegalovirus