RESUMO
Racional: A população octogenária está expandindo mundialmente e é esperado que a demanda por gastrectomia devido a câncer gástrico nessa faixa também aumente. Entretanto, os resultados da operação curativa nessa população são pobremente reportados e não está claro o que mais importa no resultado: idade, status clínico, estágio da doença, ou a extensão da operação.
Objetivos: Avaliar os resultados cirúrgicos da gastrectomia em octogenários e verificar os fatores relacionados com a sobrevida.
Métodos: Através de revisão de banco de dados prospectivo, pacientes com 80 anos ou mais de idade e adenocarcinoma gástrico comprovado histologicamente e submetidos a gastrectomia com intuito curativo foram analisados. Fatores relacionados a complicações pós-operatórias e sobrevida foram estudadas.
Resultados: Cinquenta e um pacientes preencheram os critérios de inclusão. A gastrectomia subtotal foi realizada em 70,5% dos casos e a linfadenectomia D1 em 72,5% dos pacientes. Complicações ocorreram em 25 pacientes (49%), sendo que em 11 elas foram graves (sete foram complicações clínicas). Pacientes com complicações tiveram maior duração da internação hospitalar (8,5 vs. 17,8 dias, p=0,002) e sobrevida global mais curta (mediana de 1,4 vs. 20,5 meses, p=0,009). Linfadenectomia D2 e a presença de complicações foram fatores independentes de pior sobrevida global.
Conclusão: Os octogenários submetidos à gastrectomia com intenção curativa apresentam alto risco de complicações clínicas no pós-operatório. A linfadenectomia D1 deve ser o padrão de atendimento nesses pacientes.
DESCRITORES: Neoplasias gástricas; Gastrectomia; Idoso; Idoso de 80 anos ou mais; Sobrevida