RESUMO - RACIONAL:
Doenças da vesícula biliar (DVB) são uma das condições médicas mais comuns que requerem intervenção cirúrgica, tanto eletiva como urgente. É amplamente aceito que o sexo e as características étnicas podem influenciar a prevalência e os desfechos.
OBJETIVO: Avaliar as diferenças nas distribuições de gênero e etnia relacionados à epidemiologia da DVB no sistema público de saúde brasileiro.
MÉTODOS: O DATASUS foi usado para elencar os dados de pacientes registrados no Código Internacional de Doenças (CID-10) sob o código K80, de janeiro de 2008 a dezembro de 2019. O número de admissões, caráter de atendimento, número de óbitos e taxa de mortalidade hospitalar foram analisados por gênero e por etnia.
RESULTADO: Entre 2008 e 2019, 2.899.712 pacientes com colelitíase/colecistite (K80) foram admitidos em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), dos quais apenas 22,7% eram do sexo masculino. Ainda assim, a taxa de mortalidade intra-hospitalar masculina (15,9:1.000 pacientes homens) foi significativamente maior do que a feminina (6,3:1.000 pacientes mulheres) (p<0,05). Ademais, homens apresentaram risco de morte significativamente maior em comparação às mulheres (RR=2,5; p<0,05) e maior tempo de internação hospitalar (4,4 dias versus 3,3 dias; p<0,05). Em comparação ao sexo feminino, homens apresentaram maior risco de morte em todos os grupos étnicos autodeclarados: brancos (RR=2,4; p<0,05), negros (RR=2,7; p<0,05), pardos (RR=2,6; p<0,05) e indígena (RR=2,13; p<0,05).
CONCLUSÃO: Nos anos de 2008-2019, as mulheres apresentaram as maiores prevalências de internações hospitalares por DVB no Brasil, porém, os homens foram associados a piores desfechos, inclusive entre todos os grupos étnicos.
DESCRITORES: Doenças da Vesícula Biliar; Cálculos Biliares; Epidemiologia; Gênero e Saúde; Distribuição por Etnia