RESUMO
RACIONAL: O estado nutricional pré-operatório tem valor prognóstico pós-operatório. A densidade tomográfica e a área do músculo psoas é uma ferramenta validada para o estado nutricional. Existem poucos estudos avaliando a utilidade da tomografia de estadiamento em pacientes com câncer gástrico neste campo.
OBJETIVOS: Determinar a influência da sarcopenia, medida por tomografia computadorizada de estadiamento pré-operatório, na morbimortalidade pós-operatória e sobrevida em longo prazo em pacientes operados de câncer gástrico com intenção curativa.
MÉTODOS: Estudo retrospectivo de 2007 a 2013. A definição de sarcopenia radiológica foi pela medida da área (PA) e densidade do músculo psoas (PD) a nível de L3 (Terceira vertebra lombar), em um corte axial de tomografia computadorizada abdominopélvica (na seleção sem meio de contraste intravascular). O Software utilizado foi o OsirixX v 10.0.2, com a ferramenta “propagar segmentação”, ajustando manualmente todos os músculos vistos na imagem.
RESULTADOS: Foram incluídos 70 pacientes, 77% homens, PA média em L3: 16,6 cm2 (desvio padrão+6,1), PD média em L3: 36,1 mean muscle density (desvio padrão+7,1). Os cânceres avançados foram de 86, 28,6% tinham células em anel de sinete, 78,6% necessitaram de gastrectomia total, a morbidade e mortalidade cirúrgica pós-operatória foi de 22,8 e 2,8%, respectivamente, a sobrevida global de 5 anos a longo prazo (SV5) foi de 57,1%. Na análise multivariada, PA falhou em prever morbidade cirúrgica (p=0,4) e sobrevida global de 5 anos (p=0,34), enquanto PD foi capaz de prever fístulas anastomóticas (p=0,009; OR 0,86; IC95% 0,76–0,96) e SV5 (p=0,04; OR 2,9; IC95% 1,04–8,15).
CONCLUSÕES: O diagnóstico tomográfico de sarcopenia por desvio padrão é capaz de predizer fístulas anastomóticas e sobrevida a longo prazo em pacientes com câncer gástrico tratados com intenção curativa.
DESCRITORES: Tomografia; Câncer Gástrico; Fístulas; Sobrevida; Sarcopenia