Open-access Autoavaliação da memória de jovens universitários

RESUMO

Objetivo  analisar a autoavaliação da memória de jovens universitários.

Métodos  trata-se de um estudo observacional, transversal, de caráter analítico, com abordagem quantitativa. Participaram 519 estudantes, matriculados regularmente em instituições de ensino superior, com média de idade de 22,9 anos (±5,5), sendo 408 mulheres e 111 homens. Os instrumentos utilizados foram o Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva - QMPR (Prospective and Retrospective Memory Questionnaire - PRMQ-10) e um questionário com informações sociodemográficas e com queixas de memória relacionadas às atividades acadêmicas. Os dados foram analisados quantitativamente, de forma descritiva e inferencial, com uso do teste Qui-quadrado, considerando o valor de p<5%.

Resultados  os jovens universitários relataram dificuldades frequentes de memória, em especial na prospectiva e de curto prazo. Foi visto que 46,6% dos participantes apresentaram queixas de memória e 62,8% referiram acreditar que a rotina na universidade pode provocar aumento nas falhas de memória. Na autoavaliação, verificou-se que 47,7% mencionaram dificuldades na memória prospectiva e de curto prazo e, em relação à rotina acadêmica dos universitários, 46,4% relataram dificuldades na memória retrospectiva.

Conclusão  há associação entre a presença de queixa e os dados da autoavaliação da memória.

Palavras-chave:  Memória; Autoavaliação; Ensino superior; Estudantes; Neuropsicologia; Fonoaudiologia

ABSTRACT

Purpose  To investigate the memory self-assessment of university students.

Methods  Observational, cross-sectional, analytical study with a quantitative approach. A total of 519 students regularly enrolled in higher education institutions participated, with a mean age of 22.9 years (±5.5), being 408 women and 111 men. Data was collected through the Prospective and Retrospective Memory Questionnaire (PRMQ-10) and a questionnaire with sociodemographic information and memory complaints related to academic activities. Data were evaluated quantitatively, descriptively and inferentially, using the Chi-Squared Test with a p-value <5%.

Results  University students reported frequent memory difficulties, especially in the prospective and short term memory. It was found that 46.6% of the participants had memory complaints and 62.8% reported believing that routine at the university may lead to an increase in memory failure. In the self-assessment, 47.7% reported difficulties in prospective and short-term memory and, in relation to the academic routine of university students, 46.4% reported difficulties in retrospective memory.

Conclusion  There is an association between the presence of a memory complaint and the self-assessment of memory data.

Keywords:  Memory; Self-evaluation; Higher education; Students; Neuropsychology; Speech-Language and Hearing Sciences

INTRODUÇÃO

A vida universitária pode ser definida como um período de transformação, no qual ocorrem mudanças e desafios na vida do estudante. A expectativa dessa nova fase de vida demanda um processo adaptativo individual, uma vez que o espaço acadêmico exige uma série de responsabilidades(1).

No Brasil, o número de universitários matriculados em instituições de ensino ultrapassa a casa dos oito milhões, divididos entre 37 mil cursos ofertados por entidades públicas e particulares. De acordo com pesquisas focadas no perfil socioeconômico dos estudantes, observa-se que 54,6% das vagas são ocupadas por mulheres; referente à média de idade dos universitários, aponta-se para 24,4 anos; 51,2% dos estudantes são negros ou pardos e 64,7% concluíram o ensino médio em escolas públicas(2).

As demandas universitárias do sistema de educação brasileiro, em geral, seguem o modelo de aprendizagem tradicional passivo com aulas e provas intercaladas por seminários e estágios curriculares obrigatórios. Sabe-se que o ritmo das aulas e a cobrança social geram estresse no ambiente universitário. Esse estresse, associado a outros fatores pessoais, acaba desenvolvendo ansiedade, depressão ou doenças psicossomáticas. O fator desse estresse está relacionado à competitividade imaginária, gerando uma sobrecarga mental nos estudantes(3).

Além dessas queixas de saúde mental, os universitários também relatam sentir falhas na memória, como dificuldade em memorizar e/ou evocar informações, fator que pode dificultar as atividades acadêmicas diárias desses indivíduos(4).

A memória é o repositório da mente, em que se armazena o que é aprendido e adquirido(5). Sendo assim, é um suporte fundamental para aquisição de novas informações e a prática de qualquer atividade cotidiana que requeira a evocação de conhecimentos aprendidos. Ao armazenar a informação na memória, constrói-se, mentalmente, uma representação do conhecimento e, sem sua existência, não se poderia manejar a aprendizagem e resolver os problemas diários e futuros.

Os estudantes universitários requerem o uso eficiente de vários recursos de memória para executar tarefas cotidianas, como a memorização de determinados conteúdos para escrever em seus suportes, a realização de operações mentais para refletir ou se apropriar de determinado conhecimento e a evocação de informações para realização de provas e seminários. Desse modo, a presença de falhas na memória nos universitários pode prejudicar a realização de várias tarefas que fazem parte da rotina desse grupo.

Estudos indicam que as queixas de memória em jovens têm íntima relação com a ansiedade e o estresse(6-7). Levando em consideração esses dados, torna-se importante pesquisar as queixas de memória em jovens universitários, uma vez que estão mais suscetíveis a comportamentos de estresse e ansiedade, devido à rotina mais frenética, seja ela por conta da demanda da universidade e, para alguns jovens, em razão da sobrecarga com o trabalho.

Sendo assim, é fundamental a investigação das queixas de memórias apresentadas pelos universitários em sua rotina acadêmica, pois a manutenção ou a ampliação dessas dificuldades pode gerar mais sobrecarga e debilitar sua capacidade de raciocínio, memorização, motivação e interesse com relação ao processo de aprendizagem(8).

Identificar e analisar as queixas de memória dos jovens universitários pode contribuir para a identificação dos sistemas de memória mais influenciados pelas demandas do ensino superior e para possibilitar a criação de estratégias direcionadas, para que essas queixas sejam minimizadas e a qualidade da vida acadêmica seja ampliada. Assim, o presente estudo teve como objetivo analisar a autoavaliação da memória de jovens universitários.

MÉTODOS

Este é um estudo observacional, transversal, de caráter analítico, com abordagem quantitativa, avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos do Centro Universitário de João Pessoa - CEP/UNIPÊ, sob protocolo número 3.918.533.

Participaram 519 estudantes matriculados regularmente em instituições de ensino superior, com idade variando entre 18 e 54 anos, média de 22,9 (±5,5). A amostra foi selecionada por conveniência, de forma não probabilística, atendendo aos seguintes critérios de inclusão: estudantes de ambos os sexos que estavam regulamente matriculados em universidades e tinham acima de 18 anos e abaixo de 54 anos.

Foram excluídos indivíduos que apresentaram alguma comorbidade que, por algum motivo físico ou cognitivo, os incapacitava de compreender e responder aos instrumentos propostos no estudo, ou pudesse interferir nos achados – como o diagnóstico de transtornos neurocognitivos ou do neurodesenvolvimento e a realização de tratamento psiquiátrico no momento da pesquisa.

A coleta de dados foi realizada entre abril e maio de 2020, por meio da aplicação de um questionário eletrônico, divulgado por meio de redes sociais. Preliminarmente, os discentes foram informados sobre os objetivos e procedimentos deste estudo, bem como de seus riscos e benefícios. Os que concordaram em participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para que se iniciasse a coleta dos dados.

Em seguida, responderam a um questionário com informações sociodemográficas, como idade, sexo, estado civil, curso, turno do curso, período do curso, atividade laboral diurna/noturna, carga horária de trabalho, presença de queixa de memória, se sofreram algum tipo de lesão cerebral, se tinham histórico de tratamento psiquiátrico e outras informações clínicas.

Posteriormente, os universitários responderam ao Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva - QMPR (Prospective and Retrospective Memory Questionnaire - PRMQ-10)(9). Esse instrumento foi escolhido por possibilitar a extração de medidas de autoavaliação de diferentes sistemas de memória na população estudada. Ele contempla dez itens referentes à autoavaliação de dificuldades cotidianas de memória de curto e longo prazo, sendo cinco de memória prospectiva e cinco de memória retrospectiva. Cada item é seguido de uma escala Likert de 5 pontos: (1) nunca, (2) raramente, (3) algumas vezes, (4) frequentemente e (5) quase sempre.

Logo após o questionário, os participantes responderam a oito perguntas elaboradas pelos pesquisadores, sendo duas perguntas com resposta “sim” ou “não”, a fim de identificar se o estudante acreditava que a sua rotina diária causava falhas na memória e se gostariam de receber informações sobre os cuidados com a memória. As outras seis perguntas verificavam queixas de memória no ambiente acadêmico e contemplavam uma escala de Likert de 5 pontos: (1) nunca, (2) raramente, (3) algumas vezes, (4) frequentemente e (5) quase sempre.

Os dados foram tabulados em planilha eletrônica digital para realização de análise estatística descritiva e inferencial. A análise estatística foi realizada por meio do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 20.0.

Na análise descritiva, foram obtidos dados de média, desvio padrão e frequências relativas e absolutas. Na análise inferencial, foi observada a associação entre a presença de queixa de memória com as dificuldades da autoavaliação da memória, por meio do teste Qui-Quadrado. Em todas as análises estatísticas, foi adotado o nível de significância de 5%.

RESULTADOS

No que diz respeito ao perfil sociodemográfico dos estudantes, os resultados mostraram que, dos 519 que participaram da pesquisa, 78,6% (n= 408) eram do sexo feminino, 39,5% (n= 205) estudavam no turno noturno e 14,8% (n=77) cursavam o 3º período da graduação. Além disso, 43,5% (n= 226) dos estudantes trabalhavam durante o dia, 11,6% (n= 60) possuíam histórico de tratamento psiquiátrico, 46,2% (n=240) afirmaram possuir queixa de memória e 62,8% (n=326) concordaram que a rotina na universidade provocava falhas em sua memória. De todos os participantes, 91,9% (n=326) afirmaram que gostariam de receber informações de cuidados com a memória (Tabela 1).

Tabela 1
Perfil sociodemográfico dos estudantes

Em relação aos aspectos observados por meio do PRMQ-10, verificou-se que a maioria dos estudantes relatou ter maior dificuldade nas perguntas que correspondiam à memória prospectiva e memória de curto prazo (Tabela 2). Por exemplo, 47,8% (n=248) deles se queixaram de falhas quando decidiam fazer alguma coisa em alguns minutos, mas depois esqueciam de fazer; 43,4% (n=225) esqueciam alguma coisa que lhes foi dita há alguns minutos; 35,5% (n=184) não recordavam de levar algo que pretendiam ao sair de casa, mesmo que o objeto estivesse na sua frente e 40,5% (n=210) dos estudantes esqueciam de dar um recado ou um objeto que lhes pediram que dessem a um visitante (Tabela 2).

Tabela 2
Autoavaliação - Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva

Já em relação às dificuldades autorreferidas de memória, referentes à rotina acadêmica, 46,4% (n=241) dos estudantes esqueciam com frequência o nome de pessoas próximas; 40,5% (n=210) relataram que estudavam para as provas, mas na hora de realizar “dava um branco" e 36,6% (n=190) esqueciam com frequência o conteúdo discutido em sala de aula (Tabela 3).

Tabela 3
Autoavaliação de dificuldades de memória relacionadas à rotina acadêmica

Por fim, verificou-se a associação entre a presença de queixa pelos estudantes e a autoavaliação das dificuldades de memória. Pôde-se observar que aqueles que declararam queixa de memória também relataram maior frequência de falhas na autoavaliação do funcionamento mnemônico em situações cotidianas, acadêmicas ou não (Tabela 4).

Tabela 4
Associação entre a autoavaliação e presença de queixa de memória

DISCUSSÃO

Neste estudo, a maioria dos universitários afirmou possuir queixas de memória e concordou que a rotina na universidade pode provocar tais falhas e portanto, gostariam de receber informações de cuidados com a memória.

O ambiente universitário abrange uma ampla carga de responsabilidades. Assim, o exercício do controle emocional é uma dificuldade para grande parte dos jovens, frente a essa nova ambientação, uma vez que a carga de atividades prioriza posturas que exigem dedicação de mais tempo e foco do estudante, seja na sala de aula, propriamente dita, ou no futuro ambiente de trabalho. Portanto, a carga horária de estudos elevada pode acarretar ansiedade e, consequentemente, provocar as falhas de memória nesse público.

Outras pesquisas concordam com os dados deste estudo, ao pontuarem que as queixas e as falhas de memória são comuns entre jovens universitários, podendo estar associadas à presença de ansiedade e estresse(7,10). Esses aspectos podem impactar de modo negativo os processos cognitivos dos universitários, causando dificuldade de memorização e evocação. Além disso, a ansiedade pode aumentar o índice de queixas na memória prospectiva e retrospectiva(11), dado evidenciado neste estudo, em que os participantes referiram possuir diferentes dificuldades de memória, em especial, na memória prospectiva e de curto prazo.

Sabe-se que a memória prospectiva é definida como a habilidade da recordação de executar ações futuras, que está presente nas realizações de atividades diárias do indivíduo e o seu funcionamento envolve as funções executivas(12), como planejamento, memória operacional, controle inibitório e flexibilidade cognitiva, que possibilitam ao indivíduo direcionar seus comportamentos para tais objetivos e atingir um bom desempenho nas atividades futuras.

O ambiente acadêmico exige o pleno funcionamento dessas funções, as quais permitem ao estudante a habilidade de planejar e realizar tarefas, pensar, reter, manipular e memorizar informações. Diante disso, prejuízos nessas habilidades podem acarretar dificuldades para adquirir novas habilidades, raciocinar, se concentrar e memorizar novas informações(8).

Nas atividades acadêmicas, os universitários apresentaram queixas na memória retrospectiva e de curto prazo. A memória retrospectiva refere-se a recordações de eventos passados e a memória de curto prazo está relacionada com o tempo de duração da informação, ou seja, a menor capacidade de armazenamento por um curto período, numa escala de duração de minutos a horas(13).

As informações armazenadas na memória de curto prazo desaparecem rápido ou se transformam em memória de longo prazo. A memória de longo prazo tem a capacidade de armazenamento ilimitada, ou seja, a informação pode permanecer no sistema durante dias, semanas ou até anos(14). Diante disso, a memória tem grande valor na rotina dos jovens universitários, atuando como um importante recurso cognitivo na aprendizagem e os auxiliando nas realizações das práticas diárias(15). Portanto, dificuldades nessas memórias podem comprometer o desempenho esperado nas atividades acadêmicas, como o esquecimento dos conteúdos abordados em sala de aula e, ao estudar o conteúdo, “dar um branco” na hora da prova.

Investigou-se, ainda, a associação entre a presença de queixa e a autoavaliação das falhas de memória. Constatou-se que os estudantes que sinalizaram a presença de queixas de memória no questionário de informações sociodemográficas apontaram maior frequência de falhas na memória em seu cotidiano acadêmico, ou não.

Esse dado evidencia que a autoavaliação cognitiva é um instrumento relevante e que pode ser utilizado para rastreio e monitoramento no âmbito universitário. Um dos sinais iniciais do comprometimento cognitivo da memória é o esquecimento de eventos recentes e a repetição da mesma pergunta ou relato, várias vezes. Desse modo, devem ser levadas em consideração quaisquer alterações sentidas referentes à memória, pois tais falhas podem indicar prejuízos cognitivos associados, ou não, a fatores psicológicos, como ansiedade, depressão e estresse(16-18).

Caso o universitário minimize suas queixas e dificuldades de memória, seu desempenho acadêmico pode sofrer uma influência negativa e, se tais dificuldades forem observadas tardiamente, poderão ocorrer prejuízos na vida cotidiana, impossibilitando a realização de suas atividades com êxito. Assim, vale salientar a importância do desenvolvimento de estratégias que contribuam para a identificação dessas queixas pelos universitários e para adoção dos cuidados devidos na prevenção de falhas de memória.

Em relação aos cuidados com a memória, devem ser elencadas práticas que podem auxiliar os universitários a prevenir e a minimizar as queixas e falhas nesse sistema. Uma delas é a prática de atividades físicas, pois os indivíduos que as praticam regularmente são menos vulneráveis a um declínio cognitivo, quando comparados àqueles não ativos nessa prática(19). Além disso, é importante manter uma dieta saudável com frutas e vegetais(20) e sono regularizado, para que, dessa forma, ocorra efetivamente a consolidação da memória(21).

Concordando com essa perspectiva, um estudo objetivou analisar a memória e a capacidade funcional de idosos que praticavam atividades físicas e de idosos que não realizavam essa prática. Foi possível observar que os idosos praticantes apresentaram melhor desempenho na memória, quando comparados aos idosos não praticantes(22).

Outra intervenção que pode ser realizada é o treino cognitivo computadorizado, que tem o objetivo de aprimorar e prevenir o declínio cognitivo, atividade que pode ser realizada online, com o auxílio de softwares, de forma intensiva e com ajuste do nível de complexidade(23). Estudo(24) realizou um treinamento cognitivo computadorizado em idosos, por um período de oito a dez semanas, com o objetivo de melhorar as habilidades cognitivas; ao fim do treinamento, foi possível verificar o melhor desempenho nas habilidades de memória, atenção auditiva e velocidade de processamento.

Uma estratégia bastante utilizada é o uso de recursos lúdicos para estimulação cognitiva e potencialização da aprendizagem, como os jogos de memória, raciocínio, atenção, caça-palavras, entre outros, pois jogar exige concentração, memória, estratégia, trabalho em equipe e foco, para que se alcance objetivos(25). Ressalta-se, ainda, que a leitura é considerada uma condição básica para o bom funcionamento da memória, pois melhora a percepção visual e auditiva, além de expandir a capacidade da mente, estimulando a criatividade(26).

Além disso, a realização de intervenções clínicas contribui para o melhor funcionamento dos aspectos cognitivos(27). Nessa perspectiva, pode ser exercido um trabalho interdisciplinar com fonoaudiólogo e psicólogo, com o objetivo de realizar a promoção de aspectos cognitivo-linguísticos, a prevenção de possíveis alterações, o melhor desempenho cognitivo e, consequentemente, o aprimoramento da funcionalidade na vida diária do universitário.

Portanto, a intervenção e a estimulação das habilidades cognitivas podem ser aliadas à vida dos universitários e poderiam ser realizadas no próprio ambiente acadêmico, por meio de espaços de promoção da saúde cognitiva, visando contribuir para a adaptação do estudante à vida acadêmica, melhorar seu desenvolvimento, auxiliando sua saúde mental.

Diante disso, o fonoaudiólogo é um dos profissionais capacitados para intervir nesses aspectos, desenvolvendo ações que favoreçam a estimulação e a eliminação das queixas e dificuldades desse público, objetivando contribuir para o bom funcionamento cognitivo do universitário na vida acadêmica.

CONCLUSÃO

Queixas de memória são frequentes entre os jovens universitários, sendo as mais relatadas as dificuldades na memória prospectiva e de curto prazo. Há associação entre a presença de queixa e os dados da autoavaliação da memória.

A memória exerce um papel importante no contexto acadêmico e os universitários acreditam que a própria rotina da universidade impacta as falhas de memória que apresentam. Portanto, é crucial o desenvolvimento de estratégias para a promoção da saúde cognitiva no ensino superior e para a identificação precoce de falhas mnemônicas.

  • Trabalho realizado no Curso de Fonoaudiologia, Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ – João Pessoa (PB), Brasil.
  • Financiamento: Nada a declarar.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Nov 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    26 Jan 2021
  • Aceito
    06 Jun 2021
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