Resumo
Objetivo A alta sensibilidade das nascentes à impactos antrópicos deve-se, em grande parte, a elevada conectividade aquático-terrestre existente. A degradação desses ecossistemas pode ser causada pelo uso do solo, como por exemplo o monocultivo de eucalipto. O objetivo deste estudo foi testar a influência de plantações de Eucalyptus urograndis sobre a riqueza, a diversidade da comunidade de macroinvertebrados bentônicos e as variáveis ambientais aferidas em nascentes nos domínios de Floresta Atlântica.
Métodos Dez nascentes (5 em áreas de floresta nativa e 5 em áreas de eucalipto) foram amostradas no período seco de 2017. Os organismos foram triados e identificados ao nível de família. Para cada nascente foram mensuradas o oxigênio dissolvido, temperatura, pH, turbidez, condutividade elétrica, sólidos totais dissolvidos, nitrogênio total, nitrito, nitrato, amônia, fósforo total, cobertura vegetal, caracterização granulométrica e matéria orgânica.
Resultados O teste t evidenciou algumas variáveis ambientais diferiram, apresentando as áreas de eucalipto maiores valores de sólidos totais dissolvidos e condutividade elétrica e menores de areia muito grossa. No presente estudo, a riqueza e diversidade da fauna bentônica em nascentes foram significativamente menores nas áreas de eucalipto do que nas áreas de vegetação nativa. Entretanto, a composição das comunidades não diferiu. A análise de espécies indicadoras (IndVal) associou Acari, Hydropsychidae, Leptoceridae, Nematoda, Psychodidae e Tipulidae a áreas de floresta nativa.
Conclusões Nossos resultados mostram que nascentes em áreas de eucalipto são afetadas pela monocultura reduzindo a riqueza e diversidade de macroinvertebrados bentônicos e alterando também os parâmetros ambientais. Por fim, verificamos que estudos anteriores em outras partes do mundo também se aplicam a áreas neotropicais onde o eucalipto não é nativo.
Palavras-chave: monocultura; Brasil; insetos aquáticos; água doce; impacto antrópico