OBJETIVO: Alertar para o risco de descompressão cirúrgica subótima após hemicraniectomia descompressiva. MÉTODO: Revisão da literatura pertinente após descrição de caso clínico exemplificador. RESULTADOS - DESCRIÇÃO DO CASO: Mulher de 55 anos, com instalação rápida de infarto cerebral no território da artéria cerebral média à direita. Evolução em 40 horas para coma e síndrome de herniação uncal. Tratada com salina hipertônica, hiperventilação e hemicraniectomia descompressiva (sem excisão de tecido cerebral), mantendo, porém, coma e decerebração persistentes. Exame de controle demonstrando volumoso hematoma de músculo temporal, levando a persistente desvio contralateral do segmento anterior do hemisfério afetado. Reoperação após 72 horas (exérese de músculo temporal), com rápida recuperação do nível de consciência e extubação. Controles neurorradiológicos mostrando adequada herniação externa do hemisfério, seguida de lenta regressão do edema cerebral, permitindo cranioplastia após 22 dias da primeira cirurgia. CONCLUSÃO: Progressivamente torna-se clara a importância potencial da cirurgia descompressiva. Estudos recentes sugerem maior benefício em casos de cirurgia precoce (de preferência antes da instalação de herniação cerebral) e de grandes craniectomias com descompressão completa para a evolução favorável de pacientes com infarto cerebral maciço. Hematoma de músculo temporal pode constituir causa não rara de descompressão incompleta.
acidente vascular cerebral agudo; craniectomia descompressiva; infarto cerebral