Resumo
Antecedentes Fibrilação atrial (FA) é um fator de risco para isquemia cerebral. Identificar a presença de FA, especialmente em casos paroxísticos, pode demandar tempo, e não há fundamentos claros na literatura quanto ao melhor método de proceder à investigação; em locais de parcos recursos, identificar um grupo de mais alto risco de FA pode auxiliar no planejamento da investigação complementar.
Objetivo Desenvolver uma ferramenta de escore para prever o risco de FA no acompanhamento após acidente vascular cerebral (AVC).
Métodos Estudo longitudinal retrospectivo, com dados coletados dos prontuários eletrônicos de pacientes hospitalizados e acompanhados ambulatorialmente por isquemia cerebral, de 2014 a 2021, em um centro de AVC terciário. Foram coleados dados demográficos, clínicos, laboratoriais, de eletrocardiograma e ecocardiograma, além de dados de neuroimagem. Mediante uma regressão logística por stepwise, foram identificadas variáveis associadas. Um escore com números inteiros foi criado com base nos coeficientes beta. Calibração e validação foram realizadas para avaliar a precisão.
Resultados Foram incluídos 872 pacientes na análise final. O escore foi criado com diâmetro de átrio esquerdo ≥ 42 mm (2 pontos), idade ≥ 70 anos (1 ponto), presença de aneurisma septal (2 pontos) e pontuação à admissão ≥ 6 na escala de AVC dos National Institutes of Health (National Institutes of Health Stroke Scale, NIHSS, em inglês; 1 ponto). O escore tem pontuação que varia de 0 a 6. Pacientes com escore ≥ 2 pontos tiveram cinco vezes mais risco de terem FA detectada no acompanhamento. A área sob a curva (area under curve, AUC, em inglês) foi de 0.77 (0.72–0.85).
Conclusão Pudemos estruturar uma ferramenta precisa de escore de risco de FA, a qual poderá ser validada em amostras multicêntricas em estudos futuros.
Palavras-chave AVC Isquêmico; Fibrilação Atrial; Prognóstico