Podem ocorrer dificuldades na localização de focos nas epilepsias frontais, principalmente nos pacientes que possuem ressonância magnética (RM) normal. Relatamos o caso de uma paciente de 16 anos de idade que começou a apresentar crises convulsivas aos 8 anos. As crises eram breves episódios noturnos que incluíam automatismos tais como pedalar e boxear. A frequência das crises era 4-10 por noite. O eletrencefálograma (EEG) mostrou raras descargas na convexidade frontal direita e intensa sincronia bilateral secundária não localizatória. A RM foi normal e o SPECT ictal sugeriu um foco frontal lateral direito. Realizou-se implante com eletrodos subdurais cobrindo a convexidade frontal e a superfície mesial bilateralmente. Registros ictais mostraram o início das crises na superfície fronto-mesial direita. As latências intra e inter-hemisféricas foram medidas com aparelhagem de alta resolução. O mapeamento da área motora foi realizado através de estimulação elétrica. A paciente foi submetida a ressecção frontal 1,5 cm anterior à área motora. Está sem crises desde a cirurgia há 8 meses. O estudo anátomo-patológico mostrou uma área de 4 mm de displasia cortical. Estudos invasivos são necessários para permitir a localização adequada para o tratamento cirúrgico das epilepsias em pacientes com focos frontais e RM normais. A despeito da maior complexidade, os resultados quanto às crises podem ser excelentes após o tratamento cirúrgico.
lobo frontal; epilepsia; cirurgia; eletrodos subdurais