Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar as concepções discursivas do que é considerado demanda de saúde mental dos adolescentes cumprindo medida de internação nas unidades socioeducativas do Rio de Janeiro. Realizaram-se nove entrevistas com os profissionais de saúde mental do sistema socioeducativo e os resultados foram discutidos com o apoio da análise de discurso crítica de Fairclough. Foram identificados quatro grupos discursivos: o primeiro apresenta intertextualidade com o discurso psiquiátrico, o segundo com a reforma psiquiátrica, o terceiro com o discurso de determinantes sociais e o quarto com discursos institucionais de “mau” comportamento dos jovens. Conclui-se que as concepções são distintas entre os profissionais, mas não há hegemonia de um discurso. Os discursos se atravessam e se conectam especialmente na problematização dos determinantes sociais. Há sobrevalorização dos profissionais de saúde e de assistência enquanto vocalizadores das demandas. Os adolescentes têm poucas chances de expor diretamente suas necessidades e estas aparecem intermediadas pelos técnicos. Identificaram-se conflitos entre as equipes que atuam no fluxo assistencial nas demandas associadas ao “mau comportamento”, pois há encaminhamentos dissociados de questões de saúde mental.
Palavras-chave Saúde mental; Adolescente institucionalizado; Saúde do adolescente institucionalizado