A rápida e expressiva elevação da morbi-mortalidade por acidentes e violência constituiu um dos pontos mais relevantes da transição epidemiológica no Brasil, a partir dos anos 80. A complexidade do problema implica a aplicação de medidas no âmbito de políticas sociais, elaboração de legislação específica e desenvolvimento de instrumentos de intervenção voltados à prevenção, ao tratamento e à reabilitação dos atingidos, o que pressupõe a identificação de grupos e fatores de risco. O objetivo deste texto é discutir aspectos conceituais e operacionais da utilização da vigilância em eventos adversos à saúde relacionados a acidentes e à violência. Apresentados os conceitos, características comuns e aspectos relativos à operacionalização dos sistemas de vigilância, independente do evento adverso à saúde a que se destinam, foram discutidas algumas questões específicas relativas à elaboração de definições de caso, à identificação de fontes de informação e à coleta dos dados de interesse, buscando identificar diferenças da utilização da vigilância para acidentes e violência se comparadas com a aplicação deste instrumento para doenças infecciosas, salientando entre elas que, para a identificação de fatores de risco, geralmente, se faz necessário complementar os resultados obtidos pela vigilância com pesquisas epidemiológicas.
Vigilância de Causas Externas; Morbi-mortalidade por Causas Externas; Acidentes e Violência