O objetivo deste artigo é mostrar que o modelo de corpo oferecido pelas diferentes versões do construtivismo social possui uma surpreendente afinidade com o corpo construído pelas biotecnologias. Para ambos os discursos, o do construtivismo social e o da tecnobiomedicina, o corpo é uma construção e ambos insistem na sua total maleabilidade e acessibilidade, negando a sua materialidade. Portanto, o discurso construtivista não pode servir como instância crítica do discurso das biotecnologias, como pretendem seus defensores. Defende-se, por outro lado, que o corpo fenomenológico possui um potencial ético-emancipatório que pode servir de instância crítica do discurso biotecnológico.
Construtivismo; Corporeidade; Biotecnologias; Fenomenologia