Neste artigo, parte de uma pesquisa mais ampla sobre a representação discursiva do parto, realizamos análise discursiva crítica de uma carta ao obstetra que tematiza a violência obstétrica. A justificativa para a escolha desse tema é a hospitalização do parto no Brasil, onde se observa um índice de 82% de cesarianas na rede privada, o mais alto do mundo. E a escolha do objeto justifica-se por se tratar de gênero discursivo inovador e relacionado ao movimento pró parto natural no Brasil. Partindo de categorias analíticas como avaliação, coesão, modalidade, pressuposição, intensificação, investigamos estilos no texto, considerando a construção discursiva de identidade e identificação. Nossa análise aponta alto teor de intensificação e negação, além da expressão recorrente de afetos, julgamentos e apreciações. Considerado o documento como registro de uma conjuntura, interpretamos a avaliação do comportamento da médica como parte de uma crítica mais ampla ao modelo de assistência vigente no Brasil, o que materializa aspectos da luta hegemônica travada no discurso.
análise de discurso crítica; parto; violência obstétrica; carta ao obstetra; avaliação