RESUMO
Observações tipológicas interlinguísticas e modelos teóricos em fonologia sugerem que certas distinções fônicas são mais complexas que outras. Um exemplo é o caso da oposição entre vogais médias altas e médias baixas, usualmente considerada mais complexa que a oposição entre vogais médias e altas. O estudo aqui apresentado fornece evidências experimentais que apontam na mesma direção. Falantes nativos do português brasileiro realizaram duas tarefas de classificação de vogais, um das quais envolvendo a distinção entre /i/ e /e/; a outra, entre /e/ e /ε/. Medidas de tempo de resposta e de discriminabilidade (d') foram obtidas. Respostas mais lentas e valores inferiores de d' foram observados na tarefa de classificação "e-ε". Os resultados indicam que, em comparação à distinção entre /i/ e /e/, a que se estabelece entre /e/ e /i/ requer mais tempo e recursos de processamento e envolve informação mais complexa.
Palavras-chave: percepção da fala; categorização; altura vocálica; oposições sonoras