Resumo
Ao explorar seletivamente os acervos de três fotógrafos — Manuel Jesús Serrano (1882-1957), Chichico Alkmim (1886-1978) e Baldomero Alejos (1902-1976) —, analisamos retratos fotográficos de estúdio realizados nas décadas de 1920 a 1950. Nas cidades de província onde exerceram a profissão de retratista, os estúdios fotográficos propiciavam um teatro de poses, automodelações modernas e pactos fotográficos entre retratados e fotógrafos. Nessas estufas fotográficas, a câmera disseminava, majoritariamente, o retrato burguês com suas conotações de posse e individualismo. Entretanto, os estúdios fotográficos de Serrano, Alkmim e Alejos também possibilitaram uma gama de automodelações desejadas, revelando variações étnicas, expressões subjetivas e hibridações culturais. Neste ensaio, analisamos imagens desses exímios retratistas, destacando os entrelaçamentos entre memórias afetivas e o arquivo; a relevância do estúdio fotográfico como espaço cenográfico de imaginários modernos, convencionais e também fantasiosos; e, finalmente, a leitura das imagens de estúdio em relação ao imaginário urbano dessas cidades provincianas.
Palavras-chave retratos de estúdio; cidades de província; invenções do self; imaginários urbanos