Resumo
Nas últimas décadas, observou-se uma explosão do gênero testemunhal nos meios de comunicação ao redor do mundo e sua centralidade para as políticas de identidade contemporâneas. Este artigo propõe que a origem destes testemunhos de vítimas de preconceito, que mesclam terapia e política, remonta às práticas protestantes, especialmente no interior da cultura norte-americana. O percurso genealógico proposto começa nas narrativas de conversão do século XVI, passando pela expansão do Metodismo nos Estados Unidos até o surgimento dos grupos de autoajuda laicos no século XX, marcados pela ideia de pensamento positivo e, mais tarde, de autoestima. Assim como Foucault propôs a confissão clínica como secularização da confissão católica, propomos que os testemunhos de vítima podem ser a secularização das narrativas de conversão.
Palavras-Chave testemunho; vítimas de preconceito; genealogia; conversão religiosa; protestantismo norte-americano; secularização