Resumo
Este artigo analisa a narrativa mítica adâmica em processos comunicacionais nos quais as mulheres são ameaçadas de ter conteúdos íntimos expostos sem consentimento na internet. Argumentamos que o mito adâmico remonta a ordens axiológicas orientadas para a construção de pensamentos hegemônicos sobre a experiência das mulheres na contemporaneidade, reatualizadas e ritualizadas, com o objetivo de fazer a manutenção do mandato de masculinidade. A análise parte de dados etnográficos, permitindo-nos perceber que as mulheres, dadas as suas interseccionalidades, sofrem sanções sustentadas por imaginários coletivos míticos. Mostramos que o crime de exposição não consensual na internet foge à ordem do íntimo, do privado e das relações interpessoais, para comunicar publicamente e de forma espetacularizada o domínio territorial sobre o corpo das mulheres. Para isso, apontamos processos comunicacionais patriarcais que se traduzem em pelo menos sete aspectos.
Palavras chave mulheres; mito adâmico; processos comunicacionais; exposição não consensual; internet