Resumo
Estudos anteriores sobre populismo autoritário colocaram a hipótese de uma relação entre o “cultural backlash” e o partidarismo negativo, sugerindo que os valores conservadores e o ódio aos partidos de oposição alimentam o desejo de uma liderança forte. Este artigo contribui para a literatura ao testar a influência do ressentimento de classe social na ascensão do Bolsonaro ao poder no Brasil. Com base na pesquisa AmericasBarometer 2018/19, a análise revalida as conclusões de estudos anteriores, destacando o papel central da rejeição ao Partido dos Trabalhadores na explicação da propensão para votar no candidato de extrema-direita e, em menor grau, a influência dos valores autoritários neste estudo de caso. Nossas conclusões dão algum apoio à hipótese de ressentimento de classe social também. O ressentimento de classe social foi encontrado moderar significativamente a relação entre sentimento antipetista e comportamento dos eleitores, o que esclarece a capacidade de Bolsonaro de captar eleitores ressentidos dispostos a subordinar a redistribuição social à defesa de privilégios previamente adquiridos.
2018 eleições brasileiras; ressentimento de classe social; cultural backlash; antipetismo; autoritarismo