Este trabalho apresenta uma possível solução para problemas suscitados pelo entendimento do fenômeno delirante segundo o modelo de uma teoria restrita da referência absoluta, na qual as palavras e, consequentemente, os juízos, corresponderiam às coisas como um alfabeto lógico. Na concepção pragmática aqui adotada, a linguagem é tomada por um jogo regido por regras em que é mais importante a eficácia da cooperação discursiva que o significado ideal das expressões. A teoria dos atos de fala se mostra a mais bem acabada solução da pragmática filosófica nesse sentido e é usada como princípio metodológico na análise dos excertos de fala de pacientes delirantes que constituem os corpus discursivos. O delírio termina por se mostrar como uma solução inédita para questões cruciais da história do indivíduo psicótico.
Delírio; psicose; jogos de linguagem; atos de fala