Este artigo examina práticas de atenção à saúde no cotidiano de famílias de diferentes estruturas e classes sociais. A partir de entrevistas com dez famílias de camada popular e seis de camada média, num estudo etnográfico foram selecionadas quatro famílias com estrutura matrifocal ou formada por novo arranjo conjugal. Analisou-se comparativamente duas famílias de cada estrutura, uma de cada camada social, descrevendo-se recursos e estratégias utilizados e redes de apoio social disponíveis. Os resultados sugerem que, em todos os casos, a mãe é o principal agente de cuidados à saúde. Quanto aos recursos disponíveis, evidenciou-se um estado de desamparo institucionalizado na camada popular. Na camada média predominam comportamentos preventivos em saúde. Nas famílias matrifocais a sobrecarga de trabalho das mães, provedoras e agente de cuidados, surge como aspecto comum e fragilizante. Considerou-se implicações desses resultados na discussão de mecanismos de proteção e risco, relevantes na promoção da saúde no contexto familiar.
Família; práticas de atenção à saúde; risco; proteção