Apresenta-se uma análise fenomenológica da ambigüidade na tomada de decisão em comportamento sexual de meninas adolescentes que vieram a engravidar. A análise foi contextualizada nas relações informativas e comunicativas entre filhas e pais sobre temas de sexualidade e cuidados contraceptivos. As considerações analíticas foram baseadas em entrevistas com onze adolescentes gestantes e uma jovem mãe, todos de nível sócio-econômico médio baixo, com idade entre 12 e 19 anos. A informação sobre prevenção foi percebida, pelas jovens, como parcial e incompleta e a comunicação mostrou-se prejudicada por falta de confiança no interlocutor preferencial (no caso, a mãe). A rede de apoio, constituída por tias e amigas, mostrou-se falha em apresentar esclarecimentos ou reduzir incertezas. Além de despreparados, os interlocutores apresentaram dificuldades associadas à falta de informação e a não aceitação da sexualidade adolescente. A interpretação destacou três aspectos relacionados com a gravidez na adolescência: 1) reafirmou a liberdade e iniciativa da mulher em relação à sua sexualidade; 2) confirmou a ausência da discussão franca e informada sobre sexualidade; e, 3) mostrou a substituição do mito do amor romântico pela expectativa clara do sexo prazeroso.
Gravidez; adolescência; fenomenologia; comunicação; sexualidade