Analgesia obstétrica no trabalho de parto e sua associação com desfechos neonatais

Silva, Yasmin Aparecida Pires; Araújo, Fernanda Gontijo; Amorim, Torcata; FranciscaMartins, Eunice; Felisbino-Mendes, Mariana Santos

doi:10.1590/0034-7167-2018-0757

Brasil

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ARTIGO ORIGINAL • Rev. Bras. Enferm. 73 (2) • 2020 • https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0757 linkcopiar

Analgesia obstétrica no trabalho de parto e sua associação com desfechos neonatais

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Objetivos: Investigar a associação entre analgesia no trabalho de parto e ocorrência de desfechos neonatais.

Métodos: Estudo de coorte retrospectiva com dados de prontuários de 850 parturientes. A exposição foi receber analgesia farmacológica no trabalho de parto e os desfechos: Apgar do primeiro e quinto minuto < 7, manobras de reanimação e encaminhamento para Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI). Utilizou-se regressão logística para obter Odds Ratio (OR) e intervalo de 95% de confiança (IC95%), sendo ajustados por confundidores.

Resultados: Das mulheres estudadas, 35% receberam analgesia e seu uso esteve associado a maior chance de desfechos, como: Apgar do primeiro minuto < 7 (p<0,0001), manobras de reanimação (p<0,001) e encaminhamento para UTI Neonatal (p=0,004), principalmente entre gestantes de risco habitual, mesmo após ajustes.

Conclusões: O uso de analgesia farmacológica durante o trabalho de parto foi associado a Apgar do primeiro minuto < 7, manobras de reanimação e encaminhamento para UTI neonatal.

Descritores: Analgesia Obstétrica; Recém-Nascido; Trabalho de Parto; Índice de Apgar; Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Características	Uso de analgesia
	Sim		Não		Valor de p^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
	n (%)	média±(DP)	n (%)	média±(DP)	Valor de p^* * Teste qui-quadrado de Pearson;
Acompanhante/doula					0,124
Sim	286 (99,0)		516 (97,4)
Não	3 (1,0)		14 (2,6)
Escolaridade					0,07
0 a 8 anos de estudo	16 (8,1)		16 (4,3)
9 a 11 anos	117 (59,1)		208 (55,8)
12 ou mais anos	65 (32,8)		149 (39,9)
Idade					0,791
13 a 19 anos	86 (29,1)		155 (28,0)
20 a 29 anos	147 (49,7)		269 (48,7)
31 anos ou mais	63 (21,3)		129 (23,3)
Partos anteriores					<0,0001
Nenhum	182 (61,7)		246 (44,8)
Mais de um	113 (38,3)		303 (55,2)
Duração do trabalho de parto		7,1(±3,1)		4,3(±2,7)	<0,0001^ teste T-Student; DP= desvio-padrão
Idade Gestacional		39,3 (±1,1)		39,0 (±1,2)	0,946
37 a 40 semanas	260 (87,5)		485 (87,7)
41 semanas ou mais	37 (12,5)		68 (12,3)

Desfechos Neonatais	Mulheres com parto vaginal (n=850)
Desfechos Neonatais	n (%)	Valor de p	OR^* * Valores não ajustados, (IC95%)	OR^ Ajustado por idade materna, idade gestacional e número de partos. OR= Odds Ratio; IC95%: Intervalos de 95% de Confiança; RCP: Reanimação Cardiopulmonar; RN: Recém-nascido; UTI: Unidade de Terapia Intensiva (IC95%)
Apgar 1º min <7		<0,0001
Com analgesia	28 (9,4)		2,92 (1,60-5,32)	2,80 (1,52-5,17)
Sem analgesia	19 (3,4)		Ref.	Ref.
Apgar 5º min <7		0,101
Com analgesia	5 (1,7)		3,13 (0,74-13,20)	.
Sem analgesia	3 (0,5)		Ref.
Manobras de RCP		<0,0001
Com analgesia	31 (10,5)		3,48 (1,91-6,33)	3,21 (1,74-5,90)
Sem analgesia	18 (3,2)		Ref.	Ref.
RN encaminhado para UTI		0,004
Com analgesia	12 (4,1)		3,89 (1,44-10,48)	3,85 (1,40-10,65)
Sem analgesia	6 (1,1)		Ref.	Ref.

Desfechos Neonatais	Gestação de risco habitual (n=614)				Gestação de alto risco (n=225)
Desfechos Neonatais	n (%)	Valor de p	OR^ Valores não ajustados; (IC95%)	OR^* ***** Ajustado por idade materna, idade gestacional e número de partos; OR= Odds Ratio; IC95%: Intervalos de 95% de Confiança; RCP: Reanimação Cardiopulmonar; RN: Recém-nascido; UTI: Unidade de Terapia Intensiva (IC95%)	n (%)	Valor de p	OR^ Valores não ajustados; (IC95%)	OR^* ***** Ajustado por idade materna, idade gestacional e número de partos; OR= Odds Ratio; IC95%: Intervalos de 95% de Confiança; RCP: Reanimação Cardiopulmonar; RN: Recém-nascido; UTI: Unidade de Terapia Intensiva (IC95%)
Apgar 1º min <7		0,003^* * Teste de Fisher;				0,052*
Com analgesia	21 (9,8)		2,80 (1,41-5,56)	2,73 (1,35-5,53)	07 (8,9)		3,52 (0,99-12,43)	-
Sem analgesia	15 (3,8)		Ref.		04 (2,7)		Ref.
Apgar 5º min <7		0,190^* * Teste de Fisher;				1,000^* * Teste de Fisher;
Com analgesia	4 (1,88)		3,80 (0,69-20,96)	-	1 (1,28)		1,89 (0,11-30,73)	-
Sem analgesia	2 (0,50)		Ref.		1 (0,8)		Ref.
Manobras de RCP		<0,0001				0,015
Com analgesia	22 (10,3)		3,43 (1,69-6,97)	3,12 (1,50-6,46)	9 (11,6)		3,68 (1,16-11,71)	3,69 (1,15-11,71)
Sem analgesia	13 (3,2)		Ref.		5 (3,4)		Ref.	Ref.
RN encaminhado a UTI		0,014^* * Teste de Fisher;				0,342^* * Teste de Fisher;
Com analgesia	9 (4,2)		4,44 (1,35-14,60)	4,32 (1,27-14,66)	3 (3,9)		2,93 (0,48-17,97)	-
Sem analgesia	4 (1,0)		Ref.		2 (1,3)		Ref.

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Teste qui-quadrado de Pearson;

[TFN13] ^**
teste T-Student; DP= desvio-padrão