RESUMO
Objetivo: Refletir e propor adaptações na Estratégia Multimodal de higienização das mãos para hospitais de campanha, no contexto da pandemia de COVID-19.
Método: Estudo reflexivo, realizado em abril de 2020 com base nas recomendações da Organização Mundial da Saúde e do guia para implementação dos cinco componentes da Estratégia Multimodal: mudança do sistema relacionada à infraestrutura; formação/educação; avaliação e retroalimentação; lembretes no local de trabalho; e clima de segurança institucional.
Resultados: A Estratégia Multimodal, proposta para hospitais em geral, pode ser adaptada para hospitais de campanha visando reduzir a transmissão do vírus SARSCoV-2. Investimentos para adequar a infraestrutura e educação de trabalhadores exigem previsão e celeridade e são de especial relevância para promover a higienização das mãos nesse contexto assistencial.
Considerações finais: Ajustar a Estratégia Multimodal, em especial para o tempo reduzido na execução de cada componente, é necessário para hospitais de campanha com vistas à prevenção da COVID-19.
Descritores: Hospitais; Vírus da SARS; Assistência à Saúde; Higiene das Mãos; Segurança do Paciente
ABSTRACT
Objective: Reflect and propose adaptations to the Multimodal Hand Hygiene Strategy for field hospitals, in the context of the COVID-19 pandemic.
Method: Reflective study, carried out in April 2020, based on the recommendations of the World Health Organization and the guide for the implementation of the five components of the Multimodal Strategy: system change related to infrastructure; training/education; evaluation and feedback; reminders in the workplace; and institutional security climate.
Results: The Multimodal Strategy, proposed for hospitals in general, can be adapted for field hospitals in order to reduce the transmission of the SARS-CoV-2 virus. Investments to adapt the infrastructure and education of workers require foresight and speed and are of special relevance to promote hand hygiene in this care context.
Final considerations: Adjusting the Multimodal Strategy, especially for the reduced time in the execution of each component, is necessary for field hospitals with a view to preventing COVID-19.
Descriptors: Hospitals; SARS Virus; Delivery of Health Care; Hand Hygiene; Patient Safety
RESUMEN
Objetivo: Reflejar y proponer adaptaciones en la Estrategia Multimodal de higienización de manos para hospitales de campaña, para la COVID-19.
Método: Estudio reflexivo, realizado en abril de 2020 basado en las recomendaciones de la Organización Mundial de la Salud y guía para implementación de los cinco componentes de la Estrategia Multimodal: cambio del sistema relacionado a la infraestructura; formación/educación; evaluación y retroalimentación; notas en el trabajo; y clima de seguridad institucional.
Resultados: La Estrategia Multimodal, propuesta para hospitales en general, podría adaptarse a hospitales de campaña objetivando reducir la transmisión del virus SARS-CoV-2. Inversiones para adecuar la infraestructura y educación de trabajadores exigen previsión y celeridad y son de especial relevancia para promover la higienización de manos en contexto asistencial.
Consideraciones finales: Ajustar la Estrategia Multimodal, en especial para el tiempo reducido en la ejecución de cada componente, es necesario para hospitales de campaña con objetivo de prevención de COVID-19.
Descriptores: Hospitales; Virus del SARS; Asistencia a la Salud; Higiene de las Manos; Seguridad del Paciente
INTRODUÇÃO
A Organização Mundial da Saúde (OMS), confrontada com os problemas relacionados à segurança do paciente, encorajou os Estados-Membros a promoverem práticas seguras de cuidado, com destaque para a higienização das mãos (HM), com a finalidade de reduzir, ao mínimo aceitável, as infecções associadas à assistência à saúde (IRAS). Em 2005, esse foi o tópico escolhido para o primeiro desafio global para a segurança do paciente e denominado “Uma assistência limpa é uma assistência mais segura”(1). Em 2009, houve o lançamento da campanha “Salve Vidas: Higienize Suas Mãos”, salientando o fortalecimento de “Meus 5 Momentos para a Higiene das Mãos”, e naquele mesmo ano foi disponibilizado um guia, para os serviços de saúde, com estratégias para implementar melhorias centradas no tema(2).
O guia é constituído pela Estratégia Multimodal para HM, composta por cinco componentes: mudança do sistema relacionada à infraestrutura da unidade/instituição; formação e educação; avaliação e retroalimentação; lembretes no local de trabalho; e clima de segurança institucional. Estes são abordados em cinco passos sequenciais: preparação da unidade; diagnóstico inicial; implementação; avaliação de acompanhamento; e planejamento contínuo e ciclo de revisão(2).
A Estratégia tem demonstrado resultados promissores na área hospitalar e extra-hospitalar(3), com ênfase para quando são utilizados todos os cinco componentes da referida intervenção, de forma adequada, articulada e interdependente(4). Ademais, o conjunto de ações viabiliza melhorias em infraestrutura, conhecimento e percepções dos profissionais de saúde, de serviços de apoio diagnóstico e líderes no que concerne à adesão e à prática de HM(5).
Na atualidade, em especial no cenário da pandemia de COVID-19, gestores, comunidade acadêmica, profissionais de saúde e população em geral reconhecem a relevância e importância da HM para o cuidado pessoal e com o outro. Ela é, reconhecidamente, concebida como cuidado básico e desafiador para a segurança do paciente ante as diferenças políticas, sociais, educacionais e geográficas que impactam os serviços de saúde(2,5).
Haja vista a rapidez da disseminação do vírus Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus2 (SARS-CoV-2) entre os continentes, a severidade do ataque, com destaque aos grupos de riscos, e somada às dificuldades de contenção da doença, ainda que medidas básicas de prevenção possam ser adotadas para sua mitigação, a OMS a declarou como pandemia no primeiro trimestre de 2020. Nesse contexto, esforços são necessários para conter os casos da COVID-19 e reduzir a letalidade(6).
O controle da disseminação do vírus está baseado na tríade composta pelo uso universal de máscara, distanciamento social e HM. Nesse sentido, este estudo se propõe a discutir a HM, um desses fatores para segurança do paciente diante da pandemia de COVID-19, que consiste em prática fortemente relacionada ao conhecimento, importância e comportamento da população e profissionais de saúde, bem como à estrutura disponível para sua oportuna execução, tendo em vista o atual momento pandêmico.
Considerando o amplo e rápido contágio pelo vírus bem como a possibilidade de saturação dos hospitais para atendimento de casos de média e alta gravidade(7), urge reorganizar os sistemas de saúde no que concerne à ampliação da oferta de leitos diante da perspectiva de demanda crescente e imediata. Dessa ótica, adaptar espaços para a assistência à saúde se dá, progressivamente, em estruturas provisórias construídas em caráter emergencial e em ambientes adaptados, tais como hotéis, ginásios e centro de convenções(8). Essas estruturas constituem os denominados “hospitais de campanha”, que vêm sendo implantados em vários estados brasileiros pelas Secretarias Estaduais/Distritais/Municipais de Saúde(7), a exemplo de outros países.
Apesar de ser considerado um local temporário, é necessário definir fluxos e rotinas de trabalho que propiciem a execução assistencial adequada, incluindo ações de prevenção e controle de infecção pelo vírus SARS-CoV-2(7). O ineditismo dessas estruturas para a assistência em saúde oportuniza especial atenção no tocante à segurança do paciente, demandando observação das recentes recomendações dos Estados-Membros para divulgar e promover a HM, no contexto da pandemia, a fim de minimizar a transmissão do vírus(9).
Reconhecendo a importância de garantir as boas práticas nos hospitais de campanha, este estudo teórico-reflexivo tem como tema a aplicabilidade da Estratégia Multimodal de higienização das mãos em hospitais de campanha, no atual cenário da pandemia.
OBJETIVO
Refletir e propor adaptações na Estratégia Multimodal de higienização das mãos para hospitais de campanha, no contexto da pandemia de COVID-19.
DESENVOLVIMENTO
Estratégia Multimodal para promoção do cuidado limpo e seguro
Desde a publicação do primeiro desafio global em segurança do paciente até as atuais recomendações para promover o acesso e a prática de HM na pandemia pela COVID-19(9), os Estados-Membros da OMS recomendam diretrizes às unidades de saúde, baseadas em evidências, cujo objetivo é contribuir com esses serviços na ascensão de melhores indicadores estruturais, de processos e de resultados(2).
Com vistas a garantir abordagem contínua e global diante de uma ação simples, mas ao mesmo tempo complexa do ponto de vista sistêmico para sua efetividade, a OMS recomenda implementar, para o ambiente hospitalar e extra-hospitalar, a Estratégia Multimodal. Esta consiste em um conjunto de ações cujo objetivo é reduzir a ocorrência de infecções preveníveis(2-3), sendo composta por uma série de atributos e etapas a serem sistematizados. Os componentes-chave da Estratégia Multimodal e alguns de seus elementos estão sintetizados na Figura 1.
Tendo-se em mente que os hospitais de campanha são gerenciados por unidades hospitalares já constituídas, cujos protocolos de atuação são estendidos a esse contexto(10), é importante a adaptação das diretrizes para uma aplicação com otimização do tempo. Conceitualmente, hospitais de campanha caracterizam-se por unidades provisórias que têm por objetivo prestar assistência ao paciente durante situações adversas, tais como pandemias, com a finalidade de evitar a sobrecarga da estrutura hospitalar. Dessa forma, ainda que constituídos em caráter emergencial, esses hospitais devem seguir a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n. 50, de 21 de fevereiro de 2002 e demais normas da Vigilância Sanitária, da Defesa Civil, e do Corpo de Bombeiros(8). Por estarem sob gestão de organizações sociais ou redes de saúde, essas estruturas devem garantir assistência segura ao paciente, instituindo normas e rotinas assistenciais diversas, incluindo aquelas relacionadas à segurança do paciente, de acordo com a demanda da população assistida.
Ao se considerar que os hospitais de campanha foram instituídos como suporte à rede hospitalar na pandemia pela COVID-19 diante da evidência da alta transmissibilidade do vírus, tendo as mãos como veículo e fonte temporária, a adoção de medidas promotoras da HM constitui um dos pilares para a segurança do paciente. Por outro lado, há de se reconhecer que o modelo gerencial dessas estruturas não é único(7) e que pode ser um entre diversos motivos pelos quais a Estratégia Multimodal não esteja contemplada nos protocolos de segurança. Destaca-se que, tendo em vista o conteúdo relevante dessa estratégia para o aprimoramento e sistematização das práticas de HM nesses locais de assistência, acredita-se que propor a adoção e adaptações aos hospitais de campanha tem potencial para torná-la atrativa, de modo que possa gerar resultados positivos quanto à segurança dos trabalhadores e pacientes.
Levando em conta os seus cinco componentes centrais (mudança do sistema relacionada à infraestrutura; formação e educação; avaliação e retroalimentação; lembretes no local de trabalho; e clima de segurança institucional), avalia-se que eles devam ser ajustados para esses locais de assistência à saúde. Ressalta-se que mudanças na estrutura, com a disponibilidade de recursos humanos e de materiais necessários nos locais adequados, são importantes para a assistência de pacientes com COVID-19. Entretanto, somente a presença de insumos não garante a mudança de comportamento dos profissionais no que diz respeito à prática de HM(4).
Assim, é necessário e pertinente reconhecer que há demanda de abordagens direcionadas à implementação da Estratégia Multimodal no que tange à necessidade de adaptações, de acordo com a realidade local do hospital de campanha, para que mudanças comportamentais ocorram. Com base nas diretrizes fundamentais da Estratégia, apresenta-se, nos Quadros 1, 2 e 3, ações adicionais pautadas nas evidências da disseminação do vírus e recomendações da literatura para o controle da pandemia.
No Quadro 1, está apresentado o componente relacionado à infraestrutura, com adaptações ao contexto de hospital de campanha.
Características do componente "Mudança no sistema (infraestrutura)" da Estratégia Multimodal e adaptações para o contexto dos hospitais de campanha
A OMS recomenda que todos os serviços de saúde, públicos e privados, devem estabelecer ou fortalecer seu programa multimodal e garantir, no mínimo, quantidade adequada de materiais e atualização dos trabalhadores sobre a temática. Essas ações se somam àquelas educativas, como uso de lembretes e comunicações sobre a importância da HM na prevenção da propagação da COVID19(9).
Dessa forma, usufruir de diferentes estratégias de educação é útil para suprir as lacunas sobre a prática de HM, no conhecimento dos profissionais acerca da Estratégia Multimodal, bem como sobre a transmissão do vírus e formas de prevenção. O Quadro 2 apresenta recomendações para os componentes “Formação/Educação e “Lembretes aos profissionais para HM no local de trabalho”.
Características dos componentes "Formação/Educação" e "Lembretes no local de trabalho" da Estratégia Multimodal e adaptações das recomendações para o contexto dos hospitais de campanha
Logo, é necessário reconhecer limitações que impactam a efetividade dos componentes apresentados nos Quadro 1 e 2. Dentre elas, decorre que, apesar das medidas para HM serem simples e básicas, sua prática cotidiana é desafiadora em face da baixa adesão dos profissionais(4), ainda que em estruturas de saúde tradicionais. Além disso, podem-se ressaltar as dificuldades de acesso ou até mesmo a falta de insumos como o álcool em gel(9) e sua disposição nos pontos de assistência para evitar a disseminação do vírus SARS-CoV-2. Mesmo em tais situações, pacientes e familiares devem ser instruídos e estimulados ao uso frequente e oportuno de soluções alcoólicas. No contexto atual, o temor diante do risco de se contaminar com o vírus pode ser um aliado à adesão à HM, resultando em importante iniciativa ao autocuidado. Essa inferência aplica-se igualmente aos pacientes, acompanhantes e familiares.
A educação em saúde tem demonstrado ser eficaz para elevar e manter as taxas de adesão à HM, pois permite ressignificar comportamentos e assimilar informações relevantes(4). Cabe aos gestores dessas estruturas temporárias fornecer treinamentos/capacitações que visem contribuir na implementação de um programa básico de HM, principalmente quando da contratação emergencial de profissionais de saúde, por vezes recém-formados e pouco experientes. No contexto da pandemia, o componente educacional é a chave para melhorar a prática da HM e torna-se influente nos resultados do componente “Avaliação e retroalimentação” (Quadro 3).
Características do componente "Avaliação e retroalimentação" da Estratégia Multimodal e adaptações das recomendações para o contexto dos hospitais de campanha
O clima de segurança institucional é crucial para revisar os ciclos relativos aos passos anteriores e sua finalidade é a criação de um ambiente e de percepções que facilitem a conscientização sobre as questões de segurança assistencial. Desse modo, asseguram-se adesão, oportunidade e qualidade na HM; e consideram-se o tema e melhorias como questão de alta prioridade em todos os níveis hierárquicos da unidade(2). Cabe destacar que as ações desenvolvidas nesse componente são importantes para que mudanças comportamentais ocorram e resultem em cuidados seguros. Obter melhorias contínuas na segurança do paciente, com a aplicação da Estratégia Multimodal, depende da compreensão dos atores envolvidos ao cuidado(2), sobretudo ao se considerar o ambiente do hospital de campanha, direcionado a pacientes com COVID-19 e, portanto, possível fonte para disseminação do vírus. Vale lembrar que os próprios trabalhadores podem constituir fonte do vírus, reiterando a importância do adequado comportamento, incluindo etiqueta respiratória, uso universal de máscara e HM.
O feedback dos indicadores aos envolvidos no cuidado, incluindo a participação ativa de pacientes e familiares, favorece a construção positiva do clima de segurança(4), essencial para promover assistência limpa e segura. Nesse momento inédito, importante é não sobrecarregar os envolvidos com críticas negativas, mas, sim, destacar os avanços obtidos e aqueles pontos que ainda podem ser melhorados. Diante das lacunas identificadas, o feedback deve enfatizar a HM como prática de autoproteção, incentivando a adesão como estratégia para a prevenção da disseminação dessa doença viral.
A Estratégia Multimodal para hospitais de campanha é aplicável e válida para contribuir consubstancialmente com a prática assistencial nessas unidades assistenciais. Embora se reconheça que sua aplicação pode variar de acordo com a realidade em que os hospitais estão inseridos, acreditase que sua utilização no cenário da pandemia atual de COVID-19 é fundamental, em associação com outras medidas, no combate à disseminação do vírus SARS-CoV-2. Possuir uma diretriz para a prática de HM fortalece e sustenta o desenvolvimento de práticas assistenciais seguras, em especial no enfrentamento das situações adversas impostas pelo coronavírus aos gestores, pesquisadores e profissionais da prática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pandemia pela COVID-19 requer mudanças estruturais e organizacionais com o intuito de limitar a propagação do vírus. Diante dos resultados promissores da Estratégia Multimodal em hospitais gerais, considera-se que sua implantação, com adequações para hospitais de campanha, sobretudo quanto à agilidade para a execução dos componentes, tem potencial para prevenir a disseminação do SARS-CoV-2 entre pacientes e profissionais, bem como para promover práticas assistenciais seguras. Consideram-se oportunas a reflexão da aplicabilidade e a proposição de adequações com vistas ao reconhecimento da importância da Estratégia Multimodal e de sua adoção como ferramenta gerencial, inclusive nos hospitais de campanha e, principalmente, ao se considerar a importância das mãos como veículo e reservatório temporário do SARS-CoV-2.
Os gestores de serviços de saúde e trabalhadores de hospitais de campanha poderão utilizar as considerações aqui apresentadas para romper limites estruturais e comportamentais acerca da prática de HM, priorizando o emprego das estratégias como ferramenta de proteção do paciente e da equipe. O tema suscita o direcionamento de pesquisas para o âmbito da segurança do paciente e trabalhadores, com foco na prevenção e mitigação dos riscos no contexto dos hospitais de campanha de COVID19.
Referências bibliográficas
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9 World Health Organization. Recommendations to Member States to improve hand hygiene practices to help prevent the transmission of the COVID-19 virus. Interim guidance, 1 April 2020 [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2020 [cited 2020 Mar 26]. Available from: https://www.who.int/publications-detail/recommendations-to-member-states-to-improve-hand-hygiene-practices-to-help-prevent-the-transmission-of-the-covid-19-virus
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Editado por
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EDITOR CHEFE: Dulce Barbosa
-
EDITOR ASSOCIADO: Hugo Fernandes
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
26 Out 2020 -
Data do Fascículo
2020
Histórico
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Recebido
06 Maio 2020 -
Aceito
22 Ago 2020