Resumo
Inspirado pela sociologia zelizeriana, este trabalho busca compreender como a relação entre dinheiro e criança é consagrada moralmente pela educação financeira no Brasil, via crescimento de plataformas e aplicativos digitais, revelando a constituição de um repertório coercitivo que direciona as subjetividades das crianças a um modelo ideal de educação financeira transmitido por meio de atividades interativas virtuais. Assim, as evidências preliminares dessa pesquisa apontam que os ensinamentos e os conteúdos não são apenas informativos, mas, via interação com as máquinas digitais e a lógica dos algoritmos, funcionam como ferramenta de treinamento moral, promovendo a alfabetização financeira e posicionando as crianças como mediadoras morais, em que o desempenho passa a ser registrado de forma ordinal, marcando o progresso da trajetória em direção a se tornar um adulto financeiramente responsável. Assim, as crianças se tornam gestoras de si e de seu futuro, o que implica superar deficiências individuais e ter autocontrole emocional, revelando um intenso trabalho relacional.
Palavras-chave: Dinheiro; Crianças; Educação financeira; Sociologia zelizeriana