Resumo
Neste artigo, analiso os sentidos de maternidade presentes em narrativas do parto de mulheres brancas heterossexuais de camadas médias do Rio de Janeiro, com idades entre 37 e 46 anos. Sobressai o investimento afetivo no planejamento do parto, muitos deles realizados a partir de uma perspectiva médica humanizada, reforçando uma visão da maternidade como projeto construído a partir de um campo de possibilidades dado por suas situações socioeconômicas, formas de conjugalidade e valores morais. O modo como o feto enquanto bebê figura nas narrativas aponta para concepções sobre o vínculo entre mãe e filho, construído e reforçado a partir de uma experiência corporal da gestação e do parto considerada necessária. Partindo dos conceitos de Velho e Ortner sobre projeto, agência e subjetividade, discuto como uma configuração subjetiva que valoriza especialmente a corporalidade da maternidade pode tensionar a agência dessas mulheres.
Palavras-chave Parto; narrativas; maternidade; corpo; camadas médias