Resumo
O presente texto tem por objetivo explorar o uso feito pelo escritor Lima Barreto das cores, entendidas como cores sociais, no conjunto de sua obra. O autor não só introduz matizes de cor com grande regularidade, como explora tonalidades diferentes e as vincula a situações sociais e a leituras próprias do contexto do pós-abolição em que viveu. Como sabemos, no Brasil, cores comportam-se como marcadores sociais de diferença, acondicionando elementos socioeconômicos, regionais, de gênero, mas também interpretativos, pois carregam categorias acusatórias e estéticas - sempre diacríticas. Na mesma medida em que traduzem hierarquias sociais, tais cores sociais repõem ambivalências próprias ao contexto e à sua manipulação por indivíduos que se autoclassificam, em especial as ambivalências acionadas pelo próprio criador de personagens como Clara dos Anjos e Policarpo Quaresma.
Palavras-chave: Lima Barreto; cores sociais; discriminação; pós-abolição; marcadores sociais da diferença