Resumo
Este artigo trata da crítica literária dialética de Theodor W. Adorno e mostra como ela se erige a partir da crítica a um modelo de crítica literária (e cultural) alternativo e mais próximo da crítica da ideologia em seu sentido tradicional, presente em textos da década de 1930 de outros dois autores vinculados ao Instituto de Pesquisa Social em Frankfurt: Herbert Marcuse e Leo Löwenthal. Além de expor a visão de Adorno acerca dessas duas formas de abordar o objeto literário, chamando a atenção para seus rendimentos e suas limitações, destaca-se como a crítica desenvolvida por Adorno conduz dialeticamente a crítica imanente das formas artísticas até seu extremo oposto, alcançando, por meio do mergulho profundo no particular das obras, o seu sentido mais geral. Isso permite que o autor supere certo impasse que se configura na dicotomia entre críticas internalistas e críticas externalistas das obras literárias, na medida em que seu modelo de crítica literária leva em conta o caráter contraditório da arte na sociedade capitalista: nem mera ideologia, que simplesmente repõe a dominação, nem esfera preservada das contradições sociais, mas âmbito que, em sua autonomia relativa, contém algo de verdadeiro a respeito da sociedade.
Palavras-chave: Theodor W. Adorno; Teoria crítica da sociedade; Sociologia da literatura; Literatura e sociedade; Estética marxista