Resumo
Este texto procura oferecer uma viagem pelas diferentes condições de movimento a que estamos expostos e expostas enquanto representantes de um domínio de estudo que (ainda) designamos por etnomusicologia. O texto baseia-se nos conceitos de movência (teorizado por Paul Zumthor) e de movimento (associado à proposta de desclassificação do conhecimento de António García Gutiérrez) para pensar a itinerância, o trânsito e a mobilidade enquanto instâncias constituintes: 1) de todos os fenómenos de interesse etnomusicológico; 2) do posicionamento teórico da disciplina; 3) das suas opções metodológicas; e 4) do modo como etnomusicólogos e etnomusicólogas têm vindo a adotar práticas de investigação partilhada no sentido de uma etnomusicologia progressista. Advogo que esta condição de movimento da etnomusicologia se entrelaça com o seu universo de estudo (música e som) e inscreve uma portabilidade intrínseca, importantes ações de agencialidade e uma condição de permeabilidade capazes de transformar o conhecimento numa força heurística de reedificação disciplinar.
Palavras-chave: Etnomusicologia; Desclassificação; Movência; Conhecimento disciplinar; Práticas de investigação partilhada