Resumo
Neste artigo, proponho refletir acerca do desenho enquanto técnica do olhar e de produção de conhecimento, dialogando com a obra de Taussig e a literatura sobre a relação entre antropologia e desenho produzida desde os primórdios da disciplina. Em seguida, mostro como foi um desenhar recíproco, em campo, com as mulheres Huni Kuin, que permitiu que elas me ensinassem como ver imagens de modo radicalmente diferente daquele no qual eu estava habituada. Sugiro algumas consequências teóricas desta descoberta gráfica, que revela uma ontologia relacional na qual as relações antecedem as formas que ajudam a constituir, contribuindo, assim, para uma “antropologia gráfica”, atenta às ontologias outras que se revelam quando se aprende a inverter o olhar, porque existem tantas ontologias da imagem quanto existem teorias sobre o ser do mundo.
Palavras-chave: Desenhar; Cadernos de campo; Grafismos; Taussig; Antropologia reversa