Resumo:
Este artigo discute as mudanças e as continuidades na experiência social da homossexualidade masculina e da epidemia de HIV-aids no Brasil a partir da noção de geração. Privilegio dois marcos temporais: dos que vivenciaram a emergência da aids nos anos 1980 e dos que com ela se defrontaram a partir da implementação das terapias antirretrovirais, da segunda metade dos anos 1990 em diante. Para caracterizar o conjunto geracional mais velho, valho-me de resultados de pesquisas qualitativas junto a pessoas que se identificam como “gays” e compartilham uma situação de classe média, com escolaridade elevada, majoritariamente brancos, na faixa etária dos 50 aos 70 anos. Para o conjunto mais jovem, lido com dados de pesquisas com jovens sobre prevenção da AIDS e trago resultados preliminares de uma pesquisa exploratória sobre perfis de soropositivos encontrados em aplicativos de busca por parceiros sexuais. A discussão problematiza a crescente responsabilização individual pela gestão dos riscos e dos cuidados relacionados ao HIV-aids, num contexto de recuo das ações públicas de prevenção e educação.
Palavras-chave: HIV-aids; homossexualidade masculina; experiência social; geração