Este artigo se dispõe a refletir sobre os movimentos associativos e dissociativos que as experiências de dor/sofrimento podem desencadear, pensando sobre biossociabilidades, mas também sobre capturas discursivas e estigma. Para tanto, temos como terreno etnográfico cenas e relatos femininos de parto oriundos de uma pesquisa em dois grupos de gestantes e puérperas, ora articulada a um recente documentário brasileiro, Violência obstétrica – a voz das brasileiras. A ideia é refletir sobre concepções de dor e de sofrimento na atualidade, sua relação com a violência e com a produção da narrativa de si, conjugando ambientes e fontes de pesquisa, sem deixar de considerar hierarquias de gênero, políticas do corpo feminino, biopolítica e biomedicina. Pretende-se, antes e sobretudo, mapear deslocamentos e percursos, usos e desusos de concepções de dor e de sofrimento, a partir do que tem sido narrado pelas mulheres que têm criticado as taxas de cesáreas no Brasil e os procedimentos médicos de rotina.
parto; sofrimento/dor; violência; potencialidades