Resumo:
Este artigo discute as condições de possibilidade de uma série de procedimentos médicos e legais de “mudança de sexo” durante o período de Terrorismo de Estado no Chile. Considerando a cobertura mediática da história de Marcia Alejandra, a primeira mulher trans que obteve “mudança de sexo” civil durante a ditadura de Pinochet, o artigo é dividido em três seções. No primeiro, analisamos o pedido de “mudança de sexo” de Marcia Alejandra, publicado no Jornal Oficial, para descrever o quadro legal em que as “mudanças de sexo” foram realizadas durante esse período. Em segundo lugar, centramo-nos na proliferação de declarações e categorias médicas que circulam na imprensa relacionadas com o caso de Marcia Alejandra e enfatizamos o papel da Sociedade Chilena de Sexologia Antropológica na formação de discursos sobre a “mudança de sexo”. Na terceira seção, analisamos a inscrição da história da transição de Marcia Alejandra na narrativa sociopolítica sobre a ruptura entre a Unidade Popular e a Ditadura.
Palavras-chave: mudança de sexo; regulação sexo-gênero; ditadura; sexologia; Chile