Resumo
A categoria “criança trans” passou a aparecer com mais recorrência em manuais diagnósticos ao longo dos últimos oito anos. Embora a transexualidade antes fosse entendida como uma questão geral, possível de ser encontrada em diferentes etapas da vida, essa identidade passou a ser descrita enquanto um gênero específico para meninos e meninas. Assim, a transexualidade “na” infância converteu-se em uma transexualidade “da” infância, deslocamento responsável por produzir efeitos expressivos. Ao passo que a criança trans era registrada na literatura médica como um sujeito que demandava tratamentos em saúde mental, esse movimento fez com que fossem fabricadas determinadas fronteiras entre infância e adultez. A proposta deste artigo é perseguir alguns caminhos que demonstram como a estratificação etária da transexualidade recorreu a um engessamento do gênero.
Palavras-chave: crianças trans; diagnóstico; despatologização; política