Resumo
Nos últimos anos, diversas iniciativas no Brasil e no mundo apontam para um novo enquadramento da escravidão que procura trazer à tona o ponto de vista dos escravizados. Elas são elaboradas em torno de uma nova moralidade que denuncia o processo de vitimização a que foram submetidos. No entanto, a construção dessas novas narrativas é permeada por conflitos e ambiguidades. Partindo de uma etnografia sobre as ossadas do sítio arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, tento trazer à tona a multiplicidade de atores e representações que transcendem e ressignificam o processo de vitimização. Com isso, procuro iluminar a complexidade da construção contemporânea da categoria da vítima, em particular as vítimas da escravização no Brasil.
Palavras-chave: vítima; escravidão; restos mortais; patrimonialização, Pretos Novos