Resumo
Por quase um século, o código penal argentino inclui situações nas quais o aborto não penalizado: risco à saúde e gravidez resultante de estupro. No entanto, sua implementação não existia até recentemente. Este estudo qualitativo explorou as experiências de mulheres que acessaram um aborto legal, a fim de analisar as jornadas pelas quais passam e identificar as maneiras pelas quais o estigma é percebido, manifestado e processado. As mulheres assumem que o aborto é sempre ilegal e “descobrem” a legalidade depois de passar por um labirinto cheio de estigma, risco, frustração e desespero. As situações mais angustiantes não estão ligadas à decisão de interromper a gravidez, mas à jornada tortuosa pela qual devem passar. A “legalidade oculta” é causa e consequência do estigma associado ao aborto.
Palavras- chave: Aborto; interrupção legal da gravidez, estigma; acesso; Argentina