Open-access Especificidades‌ ‌do‌ ‌grupo‌ ‌focal‌ ‌‌on-line:‌ ‌uma‌ ‌revisão‌ ‌integrativa‌

The specificities of the online focal group: an integrative review

Resumo

Objetiva-se analisar especificidades da concepção e realização das modalidades de grupo focal on-line (GFO), técnica qualitativa alternativa ao grupo focal tradicional frente ao distanciamento físico imposto pela pandemia de COVID-19. Realizou-se uma revisão integrativa da literatura nas bases PubMed Central e BVS. Foram identificados 291 artigos, a inclusão de 24 após avaliação por etapas. Foram identificados 291 artigos. Após avaliação por etapas, foram incluídos 24 artigos nacionais e internacionais dos últimos dez anos que descrevem e discutem a realização do GFO. As modalidades de GFO encontradas foram: síncrono ou assíncrono por escrito; síncrono por vídeo/áudio ou áudio. O GFO foi realizado em variadas pesquisas do campo da saúde. Uma mesma ferramenta pode ser usada para diferentes modalidades, garantindo a segurança dos participantes e o anonimato. A falta de atmosfera de vida real pode impactar o engajamento dos participantes, uma limitação manejável. As modalidades de GFO podem produzir dados de qualidade, economizar tempo e custo, ampliar a participação de sujeitos dispersos geograficamente, mas limitar em relação aos que têm dificuldades de acesso à internet. Este estudo auxilia pesquisadores na escolha de uma modalidade de GFO. Sugere-se pesquisas que avaliem os limites do GFO no Brasil e que abordem a modalidade assíncrona por áudio.

Palavras-chave: Pesquisa qualitativa; Métodos; Internet; Pesquisa e novas técnicas

Abstract

The scope of this study is to analyze the specificities of conception and execution of the different modalities of online focus groups (OFGs), a qualitative technique that is an alternative to a traditional focus group, due to the social distancing required by the COVID-19 pandemic. An integrative literature review was conducted in PubMed Central and BVS. National and international studies published in the last 10 years that describe and discuss OFGs were included. A total of 291 articles were identified and 24 were included after evaluation in stages. Four OFG modalities were found: synchronous or asynchronous by writing; synchronous by video/audio or audio. The OFG was used to research different health topics. The same platform can be used for realizing different OFG modalities, guaranteeing the participants’ security and anonymity. The lack of a real-life atmosphere can impact participant engagement, but it can be resolved. An OFG can produce quality data, save time and expense, expand the participation of people who are geographically dispersed, but limit those with restricted internet access. This study can help researchers who intend to choose anOFG modality. Studies that assess the limits of OFGs in Brazil are suggested, as well those which address the asynchronous OFG by audio.

Key words: Qualitative research; Methods; Internet; Research and new techniques

Introdução

Devido às medidas de controle da propagação da COVID-19, com a recomendação de distanciamento social¹, técnicas de produção de dados científicos que demandam o contato presencial foram impactadas, o que pode demandar inovações e adaptações para que os estudos não sejam paralisados ou exponham os sujeitos a riscos. Nesse contexto, pesquisas que fazem uso da internet estão sendo utilizadas “mais do que nunca”².

O grupo focal (GF), técnica de produção de dados muito utilizada em pesquisas qualitativas da saúde3,4, pode ter a sua realização afetada pela necessidade de distanciamento social. Tal técnica visa, por meio de interações grupais entre os participantes, discutir um tópico específico³. Caracteriza-se por ser uma discussão orientada, realizada com a intermediação de um moderador, que deve facilitar a interação do grupo e garantir o enfoque no tema, e com a participação de um observador, que contribui com suas impressões sobre a condução após a conclusão do grupo4.

Como alternativa ao GF tradicional, há o grupo focal on-line (GFO), que pode ser realizado por escrito, vídeo ou áudio, de forma síncrona (em tempo real) ou assíncrona (em tempo não real)5. A realização dos GFO implica desafios éticos e metodológicos, por não ser uma mera transposição dos GF presenciais para o ambiente on-line6, mas são escassas as pesquisas que refletem sobre o uso de métodos on-line enquanto técnicas distintas7. Embora a condução de GFO tenha se tornado popular, pouca atenção tem sido dada à qualidade dos dados gerados por tal técnica, em comparação com os GF presenciais8.

Uma revisão de literatura6 buscou investigar os usos do GFO e suas especificidades. Nos resultados, com base em estudos de diversos campos da saúde nacionais e internacionais, constatou-se que o uso dos GFO é incipiente no campo da psicologia, mas que tal técnica permite a interação grupal e apresenta vantagens para o pesquisador6. Ainda que esse estudo, realizado em 2013, seja um avanço no entendimento dos GFO, as autoras abordam apenas duas modalidades possíveis, ambas por meio de interação escrita, em suas formas síncrona ou assíncrona. Portanto, a realização de GFO utilizando plataformas de vídeo/áudio ou áudio não foram contempladas, tampouco as novas ferramentas disponibilizadas pelo avanço tecnológico.

Já o estudo de Rupert e colaboradores9 conduziu GFO experimentalmente em duas modalidades (síncrono escrito e síncrono por vídeo/áudio) e também GF tradicionais, para efeitos de comparação. Os autores consideraram que o GFO possui como vantagem a possibilidade de participantes mais diversos, quando comparado aos presenciais, mas que são necessárias mais pesquisas sobre a qualidade dos dados de GFO e a dinâmica desse tipo de grupo9.

Partindo da necessidade de reflexão sobre produção de dados virtuais, intensificada pelo contexto de pandemia², este estudo consiste em uma revisão integrativa da literatura sobre GFO, com o objetivo de analisar especificidades da concepção e realização das suas diferentes modalidades. Pretende-se auxiliar pesquisadores que consideram realizar GFO.

Método

Foi realizada uma revisão integrativa da literatura sobre GFO, seguindo seis etapas10: 1) elaboração de uma pergunta norteadora; 2) busca na literatura, expondo os critérios de inclusão e exclusão dos artigos; 3) coleta de dados, utilizando um instrumento previamente elaborado; 4) análise dos estudos incluídos; 5) discussão dos resultados; e 6) apresentação.

A busca eletrônica de artigos ocorreu nas bases de dados PubMed Central e Portal BVS (Virtual Health Library), em julho de 2020. Foram utilizados como descritores os termos: (grupo focal) AND (on-line OR virtual), nos campos título e resumo. Os artigos foram selecionados em duas fases, sendo: 1) leitura de títulos e resumos; e 2) leitura completa desses estudos. Foram incluídos artigos publicados em português e inglês, em periódicos nacionais e internacionais nos últimos dez anos, que descrevem e discutem o processo de realização do GFO. Foram excluídos artigos não disponíveis integralmente.

Para sistematização das informações dos artigos, foi construído um instrumento para fichamento inspirado em Souza, Silva e Carvalho10 e Bordini e Sperb6, composto pelos campos: 1) identificação do artigo; 2) caracterização do estudo; e 3) desenvolvimento do GFO. Os artigos foram analisados a partir dos eixos temáticos presentes no fichamento, abordados mais adiante, de acordo com as diferentes modalidades de GFO.

Resultados

A busca realizada identificou 291 artigos. Após avaliação por etapas (Figura 1), 24 artigos foram incluídos8,9,11-32 de acordo com os critérios de inclusão e exclusão.

Figura 1
Fluxograma de seleção dos estudos por etapas.

As especificações dos 24 artigos incluídos foram descritas no Quadro 1, por modalidade de GFO, em ordem crescente de ano de publicação.

Quadro 1
Artigos incluídos na revisão.

Entre os 24 artigos incluídos na revisão, 20 foram publicados nos últimos cinco anos8,9,12-14,16-23,25,30-32,33. Em 2017, sete artigos foram publicados9,16,17,20,22,23,31, sendo esse o ano que contou com a maior quantidade de publicações. Em 2018, houve uma diminuição na quantidade de publicações, com apenas quatro13,18,21,32, e em 2019 houve novo decréscimo12,19. Dos periódicos que publicaram tais estudos, apenas um é brasileiro11.

Em relação aos objetivos gerais dos estudos, oito artigos12-14,18,19 visaram avaliar ou descrever o GFO como técnica para realização de pesquisa com determinados grupos, como mulheres trans12, jovens com câncer14, jovens com pensamento suicida19, mães que amamentam18, pacientes estigmatizados ou geograficamente dispersos13, enfermeiras geograficamente dispersas15, adolescentes11, e jovens que utilizam cigarro e bebida17. Além disso, três artigos buscaram comparar GFO, sendo que dois comparam modalidades de GFO com GF tradicional8,16 e um comparou diferentes modalidades de GFO entre si, além de comparar com o GF tradicional9.

Outros artigos não tiveram como objetivo a descrição ou análise da realização de GFO em si, mas dele se utilizam para produção de dados, trazendo reflexões sobre o uso da técnica ao decorrer do estudo. Entre eles, dois pesquisaram sobreviventes de câncer infantil e suas relações com aspectos da sexualidade25,27; dois abordaram a autogestão de pacientes com demência21 ou câncer22 e a relação com o eHealth, portal de telemedicina. Os demais artigos pesquisaram: a política de escolha em relação ao parto de mulheres32; controle a longo prazo com pessoas com eczema31; limitações em crianças e adolescentes com deficiência congênita unilateral abaixo do cotovelo28; comunicação de dentistas no tratamento de adultos com deficiência intelectual20; funcionamento psicossocial de crianças e adolescentes com deficiência29; usuários que utilizam dispositivos com rodas para mobilidade em locais de climas frios24; comunicação médico-paciente no final da vida23; e pertencimento de profissionais de saúde em comunidades virtuais30.

Com relação às técnicas de coleta de dados, na maior parte dos artigos8,11,12,14,15,17,18,21-26,28-31 realizou-se exclusivamente GFO, abordando quatro diferentes modalidades. Em 11 artigos, o GFO assíncrono por escrito foi abordado13,18,21-24,26,28-30,32; oito contemplaram GFO síncronos por escrito8,9,11,14,17,25,27,31; cinco abordaram GFO síncronos por vídeo/áudio9,12,15,16,20; e dois tratam de GFO por áudio12,19. Nesta última modalidade, em ambos os artigos a proposta era realizar GFO síncronos por videoconferência, com a possibilidade de utilização da câmera. Porém, em um deles alguns participantes utilizaram a webcam e outros não, fazendo com que o GFO acontecesse por vídeo e áudio, simultaneamente12; no segundo artigo19, nenhum dos participantes optou por usar a webcam, por isso o GFO ocorreu apenas por áudio. Nenhum artigo abordou GFO assíncrono por vídeo/áudio ou áudio.

A quantidade de participantes em cada GFO realizado variou em todas as modalidades, sendo que, nos GFO assíncronos por escrito, variou entre 12 e 19 sujeitos28,29,32, e nas modalidades síncronas por escrito e vídeo/áudio ou áudio houve uma variação entre dois e oito sujeitos9,11,14,15,16,19,20. Para o recrutamento dos participantes, foram encontradas estratégias on-line9,12,15,16-18,20-23,25-27,30,31, como por meio das redes sociais, offline12,24,32, como por meio de panfletagem, ou uma combinação de ambos12,13,19. Em relação ao do consentimento livre dos participantes, o registro por escrito foi o mais comum8,9,14,17-19,21,24,25,27-29,31,32, podendo ser adaptado de diferentes formas para o contexto virtual: enviado por e-mail, formulários on-line etc.

Durante a realização dos GFO, todas as modalidades contaram, majoritariamente, com um moderador9,12,15,16,18,22-24 ou dois moderadores8,11,13,14,17,21,26-30,32. Foi indicado que as habilidades dos moderadores poderiam ser cruciais para a realização do GFO12, havendo necessidade de ter experiência em realizá-lo31 e familiaridade com a plataforma para auxiliar os participantes com problemas técnicos16. A presença de apoiadores à moderação foi encontrada em todas as modalidades8,9,12,13,17,19,28,30, seja para monitorar as respostas dos participantes ou para se responsabilizar pela manutenção da plataforma durante a realização do grupo, sendo alguém tecnologicamente qualificado. A maioria dos artigos analisou os dados dos GFO por meio de análise de conteúdo11,18,24,25,27, especificamente temática8,20,21-23,28,30-32 ou outras análises qualitativas envolvendo codificação12,26.

A seguir, os resultados serão descritos de acordo com cada modalidade de GFO, a partir dos eixos de análise: ferramentas, participação e avaliação.

Ferramentas

Neste eixo são identificados e caracterizados os programas e plataformas utilizados para a realização dos GFO (Tabela 1).

Tabela 1
Ferramentas utilizadas para realização dos GFOs.

Assíncrono por escrito

A maior parte dos artigos realizaram os GFO por meio de fóruns de discussão28-30,32. Dois, via bulletins boards, softwares usados para trocas de mensagens13,26; em um foram utilizados grupos secretos no Facebook18; e outros artigos apenas mencionam que foram realizados em um “site seguro”21,22, em um “site de discussões fechado”23 ou via WordPress24. Três artigos desenvolveram ferramentas próprias29,32 ou adaptaram uma ferramenta pré-existente13 para os fins dos estudos. Apenas um artigo justificou sua escolha pela plataforma utilizada18, argumentando que realizar os GFO em grupos secretos do Facebook se mostrou viável pela familiaridade que os participantes têm com a mídia social.

Síncrono por escrito

Todos os estudos utilizaram plataformas de chat e bate-papo on-line, como o Web Adobe Connect8, o site chatstep.com31, MSN11 ou Facebook17. Em duas pesquisas foram desenvolvidas plataformas especificamente para hospedar o GFO9,27, a fim de garantir a oferta de dispositivos capazes de generalizar seu uso em uma gama maior de pesquisas científicas9. Como justificativa para escolha das plataformas, Bordini e Sperb11 usaram o MSN por ser uma ferramenta bastante difundida, na época do estudo, entre os participantes (jovens brasileiros) para o envio de mensagens de texto. A escolha do uso do Facebook17 foi justificada por permitir a visualização do perfil dos participantes, a interação por comentários e a facilidade de acesso. Ao mesmo tempo, apontou-se como limitação do Facebook não garantir o sigilo internamente no domínio da rede17.

Síncrono por vídeo/áudio ou áudio

Os estudos utilizaram as plataformas que permitem a realização de videoconferências, como Zoom12, Web Adobe Connect15, Blackboard Collaborate16, GoToMeeting19 e Fuze20. Um dos estudos não mencionou o nome da plataforma usada9. Alguns dos elementos elencados para justificar a escolha da ferramenta foram: permitir a comunicação de forma síncrona por vídeo/áudio ou áudio12,15; possibilidade de gravação de áudio e vídeo19; restringir as gravações ao grupo de pesquisa15,19; possuir segurança adequada para a realização dos grupos12,9; não demandar grande competência técnica dos participantes15,19; capacidade de manter o GFO por até 1h30; acesso restrito e gratuito aos participantes sem instalação ou aquisição do software12,15,19. Além disso, foi considerado o fornecimento de recursos interativos, como questionários e formulário de consentimento9.

Participação

Neste eixo são apresentados apontamentos acerca do sigilo e anonimato dos participantes, a interação entre eles e o engajamento das discussões realizadas (Tabela 2).

Tabela 2
Aspectos sobre a participação durante os GFOs.

Assíncrono por escrito

A maior parte dos artigos mencionou a preservação do anonimato dos participantes13,18,21-23,26,28,32, que se deu por meio de pseudônimos ou nomes de perfis e senhas individuais para se entrar nas plataformas utilizadas. Em um estudo28 instruiu-se os participantes a não compartilharem quaisquer dados que pudessem identificá-los, como nomes de instituições e profissionais da saúde que os atendessem.

Foi destacado que o anonimato e a privacidade proporcionados pelo ambiente virtual podem ter efeito sobre as interações entre os participantes, contribuindo para que compartilhassem suas experiências e sentimentos de modo mais espontâneo13,23,29. Em três estudos houve grande número de postagens nas plataformas ou nos grupos18,22,28. Em um artigo13 os participantes endossaram positivamente o formato escrito do GFO, e inclusive buscaram meios de contornar a impossibilidade de comunicação por meio de gestos ou tom de voz, valendo-se de sua criatividade ao escreverem suas respostas. Apontaram, também, que a modalidade assíncrona por escrito facilitou o engajamento dos participantes, uma vez que não era possível que eles se interrompessem, além de aumentar o conforto ao participar, quando comparado à modalidade tradicional13. Foi indicado que a flexibilidade para se participar das discussões assíncronas foi um diferencial positivo13,22,23, sendo de grande valia para se trabalhar com sujeitos muito ocupados23.

Ao mesmo tempo, autores apontaram momentos em que os participantes não se envolveram nas discussões13,21, em que reagiram aos comentários uns dos outros em menor grau do que seria esperado. Houve diminuição do número de respostas em todos os GFO à medida que o período do estudo avançava23. Alguns participantes não fizeram login para todas as novas perguntas, o que pode significar que questões mais profundas ou perguntas repetidas não foram lidas por todos22. Por fim, a falta de sinais não verbais na modalidade assíncrona foi indicada como um ponto negativo18.

Síncrono por escrito

Visando garantir o anonimato dos participantes, dois estudos solicitaram que eles utilizassem pseudônimos e nicks8,14. Um artigo11 apresentou o uso de novos endereços eletrônicos para os participantes não fazerem uso de seus e-mails pessoais, e outro31 usou uma ferramenta que assegurava a participação apenas de convidados na sala de bate-papo.

Wettergren et al.14 indicaram maior facilidade nas discussões quando estas acontecem sob garantia do anonimato. A interação entre os participantes foi considerada suficiente8,14,25, mas Woodyatt e colaboradores8 alegaram que houve menor circulação da palavra e de diálogos entre os participantes nos GFO. Estudos indicaram que as discussões escritas simultâneas foram fragmentadas, com participações curtas e respostas menos elaboradas9,11, demonstrando diálogos com menor interação14, não se traduzindo a modalidade on-line em participações mais ativas9. Em um artigo ponderou-se que a interação depende da velocidade com que cada participante escreve suas considerações na plataforma11. Além disso, o contato apenas por texto impossibilitou a presença de pistas não verbais14,27.

Síncrono por vídeo/áudio ou áudio

Sobre o anonimato dos participantes, um estudo considerou que não seria um problema a possibilidade de pessoas externas escutarem os participantes, pois não abordava nenhum assunto delicado16. Wirtz et al.12 relataram ter informado aos participantes que poderiam usar o nome real ou um apelido durante o GFO12. Em outro estudo19, um código de identificação foi atribuído a cada participante em substituição aos nomes reais.

Em um estudo foi indicado que, com o vídeo desligado, diferentes participantes falaram ao mesmo tempo, resultando em conversas sobrepostas e qualidade variável de áudio12. Já o estudo de Phadraig e colaboradores20 considerou que a videoconferência garantiu que não acontecessem falas sobrepostas e possibilitou que os participantes que estivessem falando ganhassem no “centro do palco”, pois suas imagens aumentavam durante a fala20. Ao mesmo tempo, quando o GFO foi realizado apenas por áudio, a ausência de elementos referentes à comunicação não verbal e a falta de atmosfera da vida real fizeram com que a discussão ficasse atrofiada em alguns momentos20. Mesmo com webcam habilitada, as imagens dos participantes exibiam apenas a cabeça e os ombros, não demonstrando os movimentos e posições do corpo15, ou seja, limitando a expressão não verbal.

Para garantir uma melhor qualidade do áudio e evitar interrupções, foi solicitado que os participantes silenciassem seus microfones durante o grupo15,19. Aconteceu de os sujeitos terem problemas com o áudio, nesse caso foi solicitado que escrevessem via chat15. Houve a ocorrência de alguns elementos de distração, como som de crianças ao fundo15,16, ruídos externos16 e retorno do microfone15. Foi gasto mais tempo com questões sem relevância para a pesquisa do que aconteceria na modalidade presencial16, e houve evidência de que talvez os participantes de GFO sejam menos propícios a elaborar as respostas dos outros participantes19.

Ainda acerca da interação entre os participantes, notou-se que não houve conflitos nos grupos, como insultos ou discordâncias acaloradas12. Permaneceram engajados, atentos às falas dos demais, demonstrando disposição para contribuir15. Apontou-se que a interação entre os participantes e o moderador teve uma dinâmica similar ao que ocorre na modalidade presencial16.

Avaliação

Neste eixo são descritos aspectos dos GFO que foram avaliados nos estudos (Tabela 3), tais como qualidade dos dados, abrangência da amostra, tempo e custo.

Tabela 3
Aspectos avaliados sobre a realização dos GFOs.

GFO assíncronos por escrito

A experiência de realizar GFO assíncronos por escrito foi positiva13,18,21,23,24,26,28,30,32. Os artigos indicaram que os dados produzidos nos GFO detinham riqueza e qualidade13,23,24, sendo um método positivo para pesquisas em saúde30. Foi sugerido que o GFO pode ser mais adequado para abordar temas delicados13. Além disso, constatou-se que é possível eliminar o tempo e o custo do processo de transcrição, desde que se garanta que os dados possam ser baixados13.

A possibilidade de se conseguir maior abrangência territorial em suas amostras12,13,18,26,28 foi apontada como positivo, o que pode ser interessante para estudos que buscam maior diversidade13 ou que envolvam populações difusas geograficamente12 e de difícil acesso13,18,26,28, sejam elas tidas como marginalizadas/estigmatizadas26 ou pacientes cuja doença é de baixa prevalência28. Ao mesmo tempo, estudos13,23,30 indicaram que o acesso à internet e a conhecimentos de informática podem restringir a possibilidade de participação de possíveis candidatos, como pessoas com baixo nível de alfabetização23.

A despeito de algumas dificuldades de participação durante o GFO já descritas em eixo anterior, estudos apontaram que não há evidências para se dizer que o GFO é uma alternativa inferior ao GF tradicional18, ou que há justificativas para não se realizar GFO nesta modalidade, considerando que os desafios na condução do mesmo foram manejados13.

GFO síncronos por escrito

Foi avaliado que as discussões são mais ricas no modo on-line, sendo mais fluídas que presencialmente e garantindo maior possibilidade de participação dos diversos sujeitos presentes, visto que um maior número de pessoas se manifestou no grupo on-line do que em grupos presenciais8. Além disso, um artigo alegou que há redução do custo da pesquisa, já que questões como deslocamento de participantes são eliminadas8. Howells et al.31 destacaram que os GFO têm sido utilizados como alternativa de melhor custo-benefício para deslocamento e tempo. Por fim, defendeu-se o GFO enquanto uma metodologia adequada para pesquisas em psicologia11.

Estudos11,14,31 apontaram o GFO como uma boa estratégia para pesquisas com populações que têm facilidade no acesso à internet, a exemplo de pesquisa com jovens. De acordo com Thrul e colaboradores17, a interação em sua pesquisa foi facilitada pela experiência prévia dos participantes com a plataforma utilizada. Porém, o processo síncrono por escrito pode ser difícil para pessoas com limitação cognitiva no processo de escrita27. Outros artigos8,9,11,14,31 argumentaram que o GFO é uma boa estratégia para pesquisas que envolvam questões complexas e sensíveis. Como ponto negativo, indicou-se a probabilidade de maiores taxas de não comparecimento8,9 e a dificuldade na transcrição11.

GFO síncronos por vídeo/áudio ou áudio

Phadraig et al.20 consideram que o GFO possui mais vantagens do que desvantagens. Apontou-se que haveria perda de dados caso houvesse realizado apenas grupos presenciais17. Outro artigo indicou que o GFO pode superar desafios normalmente associados ao GF tradicional sem influenciar nos dados ou na qualidade da gravação12. Kite e Phongsavan16 relataram que GFO apresentam maior velocidade de coleta de dados e possuem menores custos para realização. Indicou-se que os GFO podem ser considerados uma opção atraente e razoável para pesquisadores da área da saúde que necessitem de dados mais rápidos9. Considerou-se que possibilitar o anonimato permitiu uma discussão aberta sobre assuntos sensíveis12.

Estudos consideraram tal modalidade de GFO como uma ferramenta para pesquisa qualitativa entre participantes difíceis de alcançar9,12,16 e que residem em locais distantes em termos geográficos12,15,16, além de facilitar a participação de indivíduos menos saudáveis e com dificuldades de mobilidade9 e permitir maior diversidade racial e étnica da amostra9,12. Considerou-se que houve um limite referente à amostra, pois só era possível incluir pessoas com acesso à internet19. Além disso, a alfabetização digital e a familiaridade com a comunicação on-line foi mencionada em um dos estudos20.

Outros impactos da conexão com a internet foram apontados. Um estudo indicou que a qualidade do áudio foi negativa, pois variava quando a conexão à internet era ruim ou quando o microfone do participante ficava abafado, situações consideradas raras e resolvidas12. Phadraig et al.20 apontaram que a transcrição às vezes era difícil, pois em alguns momentos aconteciam “quedas de linha da internet” com alguns participantes. Foi indicado que as taxas de cancelamento e de não comparecimento podem ser mais altas nos GFO9.

Discussão

A caracterização dos estudos incluídos instiga algumas reflexões. Por exemplo, o número de artigos publicados por ano subiu até 2017, mas nos anos seguintes houve diminuição no número de publicações. Considerando o avanço tecnológico e a revolução na pesquisa qualitativa gerada pela internet5, seria plausível se apostar na ideia oposta, de que a cada ano mais pesquisas abordariam a realização de GFO. Uma hipótese que explique tal dado é a de que esse uso tenha se tornado mais comum em pesquisas qualitativas, fazendo com que pesquisadores façam uso de tal técnica para coleta de dados, mas não incluam o termo no título, resumo e palavras-chave.

Apenas um dos artigos incluídos na revisão é uma produção brasileira. Tal dado pode indicar que a realização e discussão acerca de GFO é ainda pouco difundida no Brasil, reafirmando os achados de sete anos atrás apontados por Bordini e Sperb6. No mesmo sentido, Faria e Junior33, a partir de buscas não sistematizadas na literatura, indicam que a técnica de GFO assíncrono por escrito possivelmente ainda é emergente no Brasil. Porém, o resgate de apenas um artigo brasileiro nesta revisão pode se justificar, em parte, pelas bases de dados utilizadas. Artigos da área de administração que abordam o GFO34-35, por exemplo, são indexados em bases de dados não incluídas no estudo. Também pode haver publicações brasileiras anteriores a 2010, como o estudo de Duarte36.

Os objetivos dos artigos incluídos podem indicar a pertinência da realização do GFO e a discussão acerca de tal técnica para abordar variadas problemáticas em saúde, dada a diversidade de perguntas de pesquisa. Além disso, observa-se que grande parte dos estudos recorrem ao GFO não apenas como método de produção de dados, mas como objeto, ou seja, os pesquisadores analisam a realização do GFO em si. Portanto, é possível afirmar que pesquisadores não estão apenas realizando GFO, mas pesquisando sobre o uso de tal técnica, divergindo de Bouchard7, que indicou haver poucos pesquisadores refletindo acerca de tal método on-line como técnica distinta de pesquisa.

Os artigos encontrados abordavam quatro modalidades de GFO, sendo a assíncrona por escrito a mais frequente. Tal prevalência já havia sido constatada na literatura8 e pode ser justificada pela cronologia do avanço tecnológico, que inicialmente permitiu o diálogo entre sujeitos de forma assíncrona e por escrito, por fóruns ou e-mails, para depois possibilitar a troca instantânea de mensagens por chat e, por fim, viabilizar videoconferências. De qualquer modo, com todas as possibilidades existentes atualmente, a opção por utilizar cada uma das modalidades deve considerar o objetivo e o público da pesquisa, a forma como se espera a espontaneidade e a elaboração reflexiva de cada participante5.

Destaca-se que nenhum artigo abordou GFO assíncrono por vídeo/áudio ou áudio. A dificuldade de fazer uploads de vídeos longos, o que demanda boa qualidade de internet, além do tempo gasto para gravar o vídeo, postar e depois assisti-lo, pode sugerir que tal técnica não seja muito promissora, considerado o aspecto custo-benefício. Esse problema poderia ser menos acentuado se fossem utilizados apenas áudio, sendo o WhatsApp uma ferramenta que possibilitaria tal experiência. Em um estudo brasileiro que realizou GFO por meio de tal aplicativo, os participantes se encontraram duas vezes em um horário marcado mas não descreveram e refletiram sobre como isso se deu37. Nesse sentido, são necessárias outras pesquisas para melhor analisar a potência de tal ferramenta, considerando também condições de segurança para os participantes.

A quantidade de participantes por GFO nas modalidades síncronas por escrito e vídeo/áudio ou áudio não se diferem consideravelmente do proposto para GF tradicionais, nos quais, embora não haja consenso, indicam-se uma média de quatro a dez participantes³. Porém, na modalidade assíncrona por escrito houve GFO com mais de dez participantes, o que no GF tradicional pode ser um dificultador para a moderação e tende a polarizar participações³. Bordini e Sperb11 observaram, a partir de um projeto piloto de GFO, a dificuldade de moderação e de diálogo em grupos com dez ou mais participantes, indicando que sete seria a quantidade possível para realizar os GFO síncronos por escrito. Porém, nos grupos assíncronos, como a discussão acontece em tempo não real, tais desafios podem ser minimizados.

Os estudos realizaram o recrutamento dos participantes de formas variadas, mas com prevalência do recrutamento on-line sobre o offline, em consonância com o que a literatura tem registrado6,38. Em relação aos termos de consentimento, obtidos majoritariamente on-line por escrito, Bordini e Sperb11 apontam que é mais fácil assegurar a veracidade da assinatura e a anuência de modo presencial, sendo necessário pensar estratégias para garanti-las on-line. Ressalta-se que a adaptação do livre assentimento para o meio virtual deve garantir os princípios da ética em pesquisa39.

A necessidade de conhecimento tecnológico do moderador ampliaria a demanda em relação à moderação, em comparação ao GF tradicional. Bordini e Sperb6 já haviam indicado especificidades das habilidades envolvidas na moderação dos GFO por escrito. Ao mesmo tempo, pesquisadores inexperientes com tecnologias podem conduzir um GFO com a ajuda de um apoio técnico, restringindo-se exclusivamente às funções clássicas de uma moderação de GF como as descritas por Kind4. A análise de conteúdo enquanto técnica de análise dos dados dos GFO se assemelha aos GFs tradicionais4, corroborando os achados de Fox5. Para esta autora, abordagens analíticas, dedutivas ou indutivas, que descrevem, interpretem e busquem padrões, são adequadas para analisar os dados coletados por meio de GFO5.

Ao comparar as descrições sobre ferramentas, participação e avaliação entre as diferentes modalidades de GFO é possível identificar aproximações e distanciamentos. Constata-se que uma mesma ferramenta pode ser usada para diferentes modalidades de GFO, ou seja, a ferramenta não determina a modalidade de GFO. Um exemplo é o Facebook, empregado em um grupo assíncrono por escrito18 e em outro síncrono por escrito17, bem como poderia ser usado em um grupo síncrono por vídeo/áudio via FaceTime. Essa plataforma foi justificada como sendo familiar para os participantes17,18. Entretanto, a escolha dela pode ser eticamente questionável17, uma vez que os participantes têm acesso ao perfil uns dos outros, isto é, não há anonimato. Na pesquisa por meios virtuais, é preciso considerar plataformas ou programas utilizados tendo em mente os riscos de segurança aos quais os participantes podem estar sujeitos6,38,40. Como alternativa para lidar com esses ou outros limites de plataformas já existentes, artigos das modalidades de GFO por escrito29,32 optaram por desenvolver ou adaptar13 as ferramentas utilizadas. Porém, tal escolha demanda que os pesquisadores saibam desenvolver softwares ou tenham os recursos financeiros necessários para contratar o desenvolvimento da ferramenta.

A preocupação com a segurança dos participantes esteve presente em todas as modalidades de GFO, sendo o anonimato indicado como fator relevante para a participação dos sujeitos no grupo13. Apresentar-se apenas pela escrita parece facilitar a participação, sendo apropriado para abordar assuntos sensíveis. Fox15 indica, ainda, que o ambiente on-line também permite certa invisibilidade que facilita o compartilhamento de informações pessoais. Nesse sentido, as modalidades por vídeo/áudio também podem contribuir para tal compartilhamento, pois mesmo que se possa ver e ouvir os participantes, ainda há a mediação das câmeras e um distanciamento entre os sujeitos e o moderador.

Nos GFO realizados por escrito, de modo síncrono ou assíncrono, houve menor participação do que o esperado, o que pode ser consequência da falta de familiaridade com a ferramenta utilizada11,16, da velocidade com que as informações são trocadas pelos participantes11,14 ou da falta de atmosfera de vida real20. Este último aspecto pode se explicar, em parte, pela ausência ou limitação de sinais não verbais, o que tem sido uma das desvantagens mais citadas a respeito dos GFO13. Ressalta-se que tal problema pode ocorrer em GFO por escrito14,18,27, apenas por áudio20 e vídeo/áudio15, não se equiparando, nesse aspecto, com os GF tradicionais. Boydell et al.39 apontam que a ausência de sinais não verbais pode gerar implicações para o manejo da angústia dos participantes e até mesmo o abandono do GFO.

Como enfrentamento a essa dificuldade, nas modalidades por escrito, pesquisadores devem se atentar aos usos criativos do texto, como pontuação e emojis13 e criar meios de comunicação privada entre moderador e cada participante38. Especificamente para a modalidade assíncrona, visando garantir o engajamento dos participantes, sugere-se considerar o tempo de permanência dos fóruns on-line, a quantidade de perguntas e a ordem em que determinados temas aparecem, assim como enviar lembretes frequentes para a participação13,23,30. No caso do GFO por vídeo/áudio, manter as câmeras ligadas pode estimular que o participante se mantenha atento ao que está sendo discutido15.

Todas as modalidades de GFO permitiram grande abrangência territorial da amostra, corroborando Rupert et al.9. Ao mesmo tempo, foram apresentadas reflexões sobre possíveis impactos da dificuldade de acesso à internet ou da falta de letramento digital para a participação de alguns sujeitos. Assim, a opção pelo GFO pode tanto ampliar quanto restringir a amostra, devendo o pesquisador avaliar os possíveis efeitos dessa técnica para o acesso dos sujeitos a que se pretende abordar. Nesse sentido, pesquisadores brasileiros devem refletir a respeito do contexto nacional de desigualdade de acesso à internet, a equipamentos e ao conhecimento sobre plataformas usadas na realização do GFO.

Destaca-se, ainda, que a fluência em comunicação on-line pode contribuir para a qualidade dos dados produzidos pelo GFO13. A incorporação de ferramentas de triagem que avaliem o conhecimento tecnológico de potenciais participantes podem ser importantes para se pensar vieses desses métodos, porém tais ferramentas não estão disponíveis para pesquisas de saúde pública12. Nas modalidades síncronas, aponta-se o benefício do uso de indicadores de digitação para que a interação entre os participantes se dê de forma mais fluida31.

Como vantagens dos GFO, a economia de tempo e custo foi um aspecto apresentado em todas as modalidades, corroborando Fox5. Além disso, em todas as modalidades foi indicado que o GFO pode permitir a qualidade dos dados produzidos e que tal realização pode propiciar participação e engajamento dos participantes, indo ao encontro dos achados de Bordini e Sperb6 sobre os GF por escrito e ampliado para os GF síncronos por vídeo/áudio ou áudio. Em consonância, Braun, Clarke e Gray41 e Fox5 incentivam que pesquisadores passem a explorar e expandir as possibilidades das pesquisas qualitativas por meio de técnicas midiáticas e virtuais, afirmando que métodos como GFO podem oferecer uma alternativa com pontos positivos.

Ao mesmo tempo, as fragilidades apresentadas acerca da participação e do acesso, além da alta taxa de não comparecimento nos GFO síncronos, indicam que mais pesquisas sobre GFO sejam realizadas9,12, inclusive a partir de abordagens quantitativas19. O contexto da pandemia e o distanciamento social intensificam tal convite, considerando que houve aumento do uso da internet por pesquisadores, mas não é simples garantir a integridade da ciência em tempos tão complexos como o atual². Ressalta-se, nesse ponto, que os artigos incluídos nesta revisão contemplaram estudos realizados em um período anterior à pandemia, portanto não abarcam todos os desafios e as particularidades que envolvem a pesquisa qualitativa nesse contexto.

O presente estudo analisou as especificidades da concepção e realização das diferentes modalidades de GFO e constatou que, em geral, tal técnica pode produzir dados de qualidade, sendo uma opção que economiza tempo e custo. O GFO pode ampliar a participação de alguns sujeitos dispersos geograficamente, mas limitar aqueles com dificuldades de acesso à internet ou ao letramento digital. Pesquisadores que optarem por realizar GFO devem avaliar as particularidades de cada modalidade de GFO, considerando as ferramentas utilizadas, atravessamentos na participação dos sujeitos e respectivas avaliações.

Conclui-se que o GFO pode ser uma alternativa ao GF tradicional, não apenas em tempos que demandam distanciamento social. Visando ampliar o debate dessa técnica emergente de produção de dados no campo da saúde coletiva, futuras pesquisas devem analisar as limitações encontradas em cada modalidade de GFO, como as interferências no engajamento e na interação dos sujeitos envolvidos. Sugere-se, da mesma forma, estudos brasileiros que avaliem crítica e reflexivamente as diferentes modalidades de GFO, considerando-se o contexto de desigualdade do país e, por conseguinte, as diferenças de acesso entre participantes, bem como estudos que abordem a possibilidade de GFO assíncrono por áudio.

Agradecimento

Este artigo teve o apoio do Programa Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde - PPSUS; FAPEMIG; DECIT/SCTIE/MS/CNPq e SES/MG.

Referências

  • 1 Organização Panamericana da Saúde (OPAS). Ética & SARS-CoV-2 - Medidas Restritivas e Distanciamento Físico [Internet]. Escritório da OPAS e da OMS no Brasil. 2020. [acessado 2020 Set 10]. Disponível em: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52 143/OPASWBRACOVID-1920058_por.pdf?sequence =1&isAllowed=y
    » https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52 143/OPASWBRACOVID-1920058_por.pdf?sequence =1&isAllowed=y
  • 2 De Boni RB. Websurveys nos tempos de COVID-19. Cad Saude Publica 2020; 36(7):e00155820.
  • 3 Gondim SMG. Grupos focais como técnica de investigação qualitativa: desafios metodológicos. Paidéia 2003; 12(24):149-161.
  • 4 Kind L. Notas para o trabalho com a técnica de grupos focais. Psicologia em Revista 2004; (10)15:124-136.
  • 5 Fox F. Encontros nos espaços virtuais: conduzindo grupos-foco on-line. In: Braun V, Clarke V, Gray D, organizadores. Coleta de dados qualitativos: um guia prático para técnicas textuais, midiáticas e virtuais. Petrópolis, RJ: Vozes. 2019. p. 317-337.
  • 6 Bordini GS, Sperb TM. Grupos focais on-line e pesquisa em psicologia: revisão de estudos empíricos entre 2001 e 20111. Interação Psicol 2013; 17(2):195-205.
  • 7 Bouchard, KL. Anonymity as a double-edge sword: reflecting on the implications of online qualitative research in studying sensitive topics. The Qualitative Report 2016; 21(1):57-66.
  • 8 Woodyatt CR, Finneran CA, Stephenson R. In-person versus online focus group discussions: a comparative analysis of data quality. Qual Health Res 2016; 26(6):741-749.
  • 9 Rupert DJ, Poehlman JA, Hayes JJ, Ray SE, Moultrie RR. Virtual versus in-person focus groups: comparison of costs, recruitment, and participant logistics. JMIR Bioinform Biotech 2017; 19(3):e80.
  • 10 Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein 2010; 8(1):102-106.
  • 11 Bordini GS, Sperb TM. O uso de grupos focais on-line síncronos em pesquisa qualitativa. Psicol Estud 2011; 16(3):437-445.
  • 12 Wirtz AL, Cooney EE, Chaudhry A, Reisner SL. Computer-mediated communication to facilitate synchronous online focus group discussions: feasibility study for qualitative HIV research among transgender women across the United States. J Med Internet Res 2019; 21(3):e12569.
  • 13 Reisner SL, Randazzo RK, Hughto JMW, Peitzmeier S, DuBois LZ, Pardee DJ, Marrow E, McLean S, Potter J. Sensitive health topics with underserved patient populations: methodological considerations for online focus group discussions. Qual Health Res 2018; 28(10):1658-1673.
  • 14 Wettergren L, Eriksson LE, Nilsson J, Jervaeus A, Lampic C. Online focus group discussion is a valid and feasible mode when investigating sensitive topics among young persons with a cancer experience. JMIR Res Protoc 2016; 5(2):e86.
  • 15 Tuttas CA. Lessons learned using web conference technology for online focus group interviews. Qual Health Res 2015; 25(1):122-133.
  • 16 Kite J, Phongsavan P. Insights for conducting real-time focus groups online using a web conferencing service. F1000 Res 2017; 6:122.
  • 17 Thrul J, Belohlavek A, Hambrick D, Kaur M, Ramo D. Conducting online focus groups on Facebook to inform health behavior change interventions: two case studies and lessons learned. Internet Interv 2017; 9:106-111.
  • 18 Skelton K, Evans R, LaChenave J, Amsbary J, Wingate M, Talbott L. Utilization of online focus groups to include mothers: a use-case design, reflection, and recommendations. Digital Health 2018; 4: 2055207618777675.
  • 19 Han J, Torok M, Gale N, Wong Q, Seidler A, Hetrick S, Christensen H. Use of web conferencing technology for conducting online focus groups among young people with lived experience of suicidal thoughts: mixed methods research. JMIR Ment Health 2019; 6(10):e14191.
  • 20 Phadraig CMG, Griffiths C, McCallion P, McCarron M, Nunn J. Communication-based behaviour support for adults with intellectual disabilities receiving dental care: A focus group study exploring dentists' decision-making and communication. J Intellect Disabil 2019; 23(4):526-540.
  • 21 Huis In Het Veld JG, Verkaik R, van Meijel B, Verkade PJ, Werkman W, Hertogh CMPM, Francke AL. Self-management support and eHealth when managing changes in behavior and mood of a relative with dementia: an asynchronous online focus group study of family caregivers' needs. Res Gerontol Nurs 2018; 11(3):151-159.
  • 22 Slev VN, Pasman HRW, Eeltink CM, Uden-Kraan CFV, Leeuw IMV, Francke AL. Self-management support and eHealth for patients and informal caregivers confronted with advanced cancer: an online focus group study among nurses. Palliative Care 2017; 16(1):55.
  • 23 Oosterveld-Vlug MG, Francke AL, Pasman HRW,Onwuteaka-Philipsen BD. How should realism and hope be combined in physician-patient communication at the end of life? An online focus-group study among participants with and without a Muslim background. Palliat Support Care 2017; 15(3):359-368.
  • 24 Ripat J, Colatruglio A. Exploring winter community participation among wheelchair users: an online focus group. Occup ther Health Care 2016; 30(1):95-106.
  • 25 Jervaeus A, Nilsson J, Eriksson LE, Lampic C, Widmark C, Wettergren L. Exploring childhood cancer survivors' views about sex and sexual experiences-findings from online focus group discussions. Eur J Oncol Nurs 2016; 20:165-172.
  • 26 DuBois LZ, Macapagal KR, Rivera Z, Prescott TL, Ybarra ML, Mustanski B. To have sex or not to have sex? An online focus group study of sexual decision making among sexually experienced and inexperienced gay and bisexual adolescent men. Arch Sex Behav 2015; 44(7):2027-2040.
  • 27 Nilsson J, Jervaeus A, Lampic C, Eriksson L, Widmark C, Armurand G, Malmros J, Heyman M, Wettergren L. 'Will I be able to have a baby?' Results from online focus group discussions with childhood cancer survivors in Sweden. Hum Reprod 2014; 29(12):2704-2711.
  • 28 de Jong IG, Reinders-Messelink HA, Tates K, Janssen W, Poelma M, Wijk I, Sluis C. Activity and participation of children and adolescents with unilateral congenital below elbow deficiency: an online focus group study. J Rehabil Med 2012; 44(10):885-892.
  • 29 de Jong IG, Reinders-Messelink HA, Janssen WG, Poelma MJ, van Wijk I, van der Sluis CK. Mixed feelings of children and adolescents with unilateral congenital below elbow deficiency: an online focus group study. PLoS One 2012; 7(6):e37099.
  • 30 Rolls K, Hansen M, Jackson D, Elliott D. Why we belong - exploring membership of healthcare professionals in an intensive care virtual community via online focus groups: rationale and protocol. JMIR Res Protoc 2016; 5(2):e99.
  • 31 Howells L, Chalmers J, Cowdell F, Ratib S, Santer M, Thomas K. 'When it goes back to my normal I suppose': a qualitative study using online focus groups to explore perceptions of 'control' among people with eczema and parents of children with eczema in the UK. BMJ Open 2017; 7:e017731.
  • 32 Hinton L, Dumelow C, Rowe R, Hollowell R. Birthplace choices: what are the information needs of women when choosing where to give birth in England? A qualitative study using online and face to face focus groups. BMC Pregnancy Childbith 2018; 18:12.
  • 33 Abreu NR, Baldanza NR, Sette RS. Comunidades virtuais como ambiente potencializador de estratégias mercadológicas: lócus de informação e troca de experiências vivenciadas. Persp Ciênc inf 2008; 13(3):116-136.
  • 34 Faria AM, Junior MMO. Grupos de foco on-line assíncronos: uma breve reflexão sobre sua aplicação. E&G Economia e Gestão. 2019; 19(54):194-202.
  • 35 Schröeder CS, Klering LR. On-line focus group: uma possibilidade para a pesquisa qualitativa em administração. Cad EBAPE 2009; 7(2):7.
  • 36 Duarte ABS. Grupo focal on-line e offline como técnica de coleta de dados. Inf & Soc: Est 2007; 1(17):75-85.
  • 37 Pessoa AR, Lima MS. Representações sociais de professores pré-serviço de língua estrangeira sobre feedback corretivo oral. Rev Bras Linguist 2019; 19(1):69-90.
  • 38 Boydell N, Fergie G, McDaid L, Hilton S. Avoiding pitfalls and realising opportunities: reflecting on issues of sampling and recruitment for online focus groups. Int J Qual Methods 2014; 13(1):206-223.
  • 39 Conselho Nacional de Saúde (CNS). Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Resolução nº 510. 2016. [acessado 2020 Dez 03]. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
    » http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
  • 40 British Psychological Society. Ethics guidelines for internet-mediated research. Leicester; 2017. [acessado 2020 Nov 24]. Disponível em: https://www.bps.org.uk/news-and-policy/ethics-guidelines-internet-mediated-research
    » https://www.bps.org.uk/news-and-policy/ethics-guidelines-internet-mediated-research
  • 41 Braun V, Clarke V, Gray D. Coleta de dados textuais, midiáticos e virtuais na pesquisa qualitativa. In: Braun, V, Clarke V, Gray D, organizadores. Coleta de dados qualitativos: um guia prático para técnicas textuais, midiáticas e virtuais. Petrópolis: Editora Vozes; 2019. p. 23-37.

Editado por

  • Editores-chefes:
    Romeu Gomes, Antônio Augusto Moura da Silva

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Maio 2022
  • Data do Fascículo
    Maio 2022

Histórico

  • Recebido
    24 Fev 2021
  • Aceito
    12 Jul 2021
  • Publicado
    14 Jul 2021
location_on
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Av. Brasil, 4036 - sala 700 Manguinhos, 21040-361 Rio de Janeiro RJ - Brazil, Tel.: +55 21 3882-9153 / 3882-9151 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cienciasaudecoletiva@fiocruz.br
rss_feed Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS
Acessibilidade / Reportar erro