Open-access Identidade social da pessoa transgênero: análise do conceito e proposição do diagnóstico de enfermagem

RESUMO

Objetivo:  Analisar o conceito de identidade social da pessoa transgênero e elaborar um diagnóstico de enfermagem relacionado à identidade social da pessoa transgênero.

Métodos:  Análise de conceito segundo modelo de Walker e Avant. Realizou-se uma revisão de escopo com busca em oito bases de dados, um portal e dois sistemas de informação, em junho e julho de 2019. Analisaram-se artigos, teses e dissertações, nos idiomas português, inglês e espanhol, sem recorte temporal.

Resultados:  Das 6.847 produções, 10 foram incluídas, e o conceito de identidade social foi descrito em 4 delas. Identificaram-se os atributos críticos, antecedentes e consequentes para a identidade social da pessoa transgênero, e a análise do conceito fundamentou a proposição do diagnóstico: Disposição para a identidade social melhorada da pessoa transgênero.

Conclusão:  A identidade social estabelece relação com a saúde, e diagnóstico de enfermagem proposto fortalece o sentido de pertença das pessoas transgênero, potencializando seus direitos como cidadãos.

Descritores: Identidade Social; Diagnóstico de Enfermagem; Pessoa Transgênero; Promoção da Saúde; Trasnsexualismo; Formação de Conceito

ABSTRACT

Objective:  To analyze the concept of social identity of transgender persons and develop nursing diagnoses related to it.

Methods:  A concept analysis according to the Walker and Avant model. A scope review was carried out with a search of eight databases, a portal and two information systems, during June and July 2019. Articles, theses, and dissertations were analyzed in Portuguese, English, and Spanish, with no time frame definition.

Results:  Of the 6.847 productions, 10 were included, and the concept of social identity was described in 4 of them. Critical, prior, and consequential attributes for the social identity of transgender persons were identified, and the analysis of the concept substantiated the proposal of the diagnosis: Willingness to improve the social identity of the transgender person.

Conclusion:  Social identity establishes a relationship with health, and the proposed nursing diagnosis strengthens the sense of belonging of transgender people, enhancing their rights as citizens.

Descriptors: Social Identification; Nursing Diagnosis; Transgender Persons; Health Promotion; Transsexualism; Concept Formation

RESUMEN

Objetivo:  Analizar el concepto de identidad social de la persona transgénero y elaborar un diagnóstico de enfermería relacionado a la identidad social de la persona transgénero.

Métodos:  Análisis de concepto según modelo de Walker y Avant. Se realizó una revisión de campo con búsqueda en ocho bases de datos, un portal y dos sistemas de información, en junio y julio de 2019. Se analizaron artículos, tesis y disertaciones, en los idiomas portugués, inglés y español, sin recorte temporal.

Resultados:  De las 6.847 producciones, 10 han sido incluidas, y el concepto de identidad social ha sido descripto en 4 de ellas. Se identificaron los atributos críticos, antecedentes y consecuentes para la identidad social de la persona transgénero, y el análisis del concepto fundamentó la proposición del diagnóstico: Disposición para la identidad social mejorada de la persona transgénero.

Conclusión:  La identidad social establece relación con la salud, y diagnóstico de enfermería propuesto fortalece el sentido de pertenezca de las personas transgénero, potenciando sus derechos como ciudadanos.

Descriptores: Identidad Social; Diagnóstico de Enfermería; Persona Transgénero; Promoción de la Salud; Transexualismo; Formación de Concepto

INTRODUÇÃO

O termo “pessoa transgênero” faz referência a um grupo de indivíduos que se reconhecem dentro de identidades de gênero estabelecidas socialmente. São determinantes, além dos conceitos arraigados a respeito da identidade homem e mulher, a identidade de gênero que diverge daquela atribuída biologicamente, sendo incluídos travestis e transexuais(1). Então, “pessoa trans” é a denominação para o indivíduo que apresenta (auto)identificação e intercruzamento nas categorias de gênero, produzindo comportamentos sociais divergentes dos atribuídos ao sexo biológico do nascimento. A amplitude conceitual de transgênero também pode abarcar as identidades de gênero “não-binário”, “terceiro gênero” e por vezes o cross-dressing. Assim, socialmente se verifica uma quebra na perspectiva de binarismo, sobretudo no período de transição da imagem corporal e do autoconceito.

Apesar das atuais mudanças sociais, ainda há necessidade de intensificar a produção científica e políticas públicas que promovam o contato da sociedade com o tema, a fim de garantir a redução de preconceitos e esclarecimento sobre as questões ligadas à transexualidade. Parte dessa demanda relaciona-se ao universo complexo da formação do gênero, que, ao se aproximar da variedade da sexualidade, classifica homossexuais masculinos e femininos, bissexuais, intersexuais (hermafroditas), travestis e transexuais, cada um com suas particularidades, com seus anseios, suas realidades físicas, emocionais, psíquicas e contextualizados em espaços sociais diferenciados(2).

A identidade social de um indivíduo pode ser caracterizada pela agregação de seus vínculos em um sistema social: por exemplo, o vínculo a uma classe sexual, idade, raça, entre outros. Portanto, a identidade concede que o sujeito se encontre em um sistema social e seja estabelecido socialmente(3). A perspectiva social da identidade é objeto de investigação de diferentes ciências(4), produzindo diversificadas definições conceituais, teorias e escalas. Nesse campo, são exemplos a Teoria da Identidade Social – TIS(5-6), a Escala de Identidade de Grupo(7) e a Escala Trifatorial da Identidade Social (ETIS)(8). Apesar do reconhecido avanço na produção da área, as várias proposições conceituais, definições e teorias podem gerar divergências e contrapontos na sua aplicação em cenários e grupos sociais específicos. A aplicabilidade destes conceitos tanto em grupos sociais quanto na comunidade trans são iniciativas fundamentais para a compreensão da dinâmica social desse grupo em vulnerabilidade, especialmente por compreender que a visibilidade ou invisibilidade da pessoa transgênero causa danos à sua identidade e autoestima, provocando sofrimento psíquico e podendo levar a psicopatologias como depressão, ansiedade, entre outras(9).

Por isso, compreender a identidade social da pessoa transgênero, principalmente no âmbito da saúde, oportuniza interfaces a serem discutidas para a construção de uma prática de enfermagem adequada a esse grupo. Pesquisas empíricas e conceituais fornecem elementos para construção de saberes que, junto com suportes teóricos e filosóficos da profissão, viabilizam um olhar diferenciado sobre a prática(10).

O olhar da enfermagem não deve centrar-se apenas no problema, mas incluir a redistribuição de poder e controle sobre questões de saúde individual, familiar e coletiva, com o objetivo de se alcançar a redução do impacto negativo dos determinantes sociais, políticos e econômicos(11). Para que a enfermagem possa atuar com mais qualidade no cuidado às pessoas trans, é necessário compreender a diversidade de conceitos relacionados à identidade social e aplicá-los. Em paralelo, além do conceito, a formalização de um diagnóstico de enfermagem sobre identidade social para esse grupo populacional conduz à proposição de cuidados específicos e capazes de dar respostas mais aplicáveis às situações das pessoas trans, mormente no campo da promoção da saúde.

A pessoa transgênero ainda passa por um processo de exclusão, violência e preconceito; são marginalizadas e excluídas socialmente(12). Essa situação adversa as afasta dos sistemas de saúde, as faz adoecer e dificultam as trocas sociais. Nesse contexto, ações de promoção da saúde são demandadas e devem ser realizadas nos diversos cenários do território, seja na comunidade, na escola, no domicílio e no próprio serviço de saúde. Para tais ações, é necessária a construção e o reconhecimento das respostas humanas envolvidas nos processos de viver e adoecer, sendo estas capazes de direcionar e fortalecer o desenvolvimento do planejamento e intervenções de enfermagem.

A produção e utilização de diagnósticos de enfermagem, especialmente focados na promoção da saúde, possibilita o desenvolvimento do planejamento e da intervenção de forma programada perante os julgamentos clínicos relacionados ao comportamento de busca e manutenção da saúde(13).

OBJETIVO

Analisar o conceito de identidade social da pessoa transgênero; e propor um diagnóstico de enfermagem relacionado à sua identidade social.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Por se caracterizar como um estudo de análise do conceito, ele não foi submetido à apreciação por Comitê de Ética em Pesquisa. Os estudos foram identificados por códigos alfanuméricos, com a letra E seguida de um número sequencial.

Tipo de pesquisa

Estudo de análise de conceito com realização de revisão de escopo para obtenção de elementos do construto “diagnóstico de enfermagem”.

Procedimentos metodológicos da revisão de escopo

A decisão pela estratégia de revisão de escopo se deu por viabilizar o mapeamento dos principais conceitos que apoiam determinada área de conhecimento, exame da extensão, alcance e natureza da investigação, sumarização e divulgação dos dados da investigação, além da identificação das lacunas de pesquisas existentes(14). Os procedimentos metodológicos para a realização desta revisão foram: definição da pergunta da revisão; identificação dos estudos relevantes; seleção dos estudos; mapeamento dos dados; e confrontação, resumo e relato dos resultados(15).

Para a formulação da questão de revisão, utilizou-se o acrônimo PCC, que representa: pessoa, conceito e contexto(15). A população do estudo são as pessoas transgênero; o conceito, identidade social; e não foi delimitado o contexto. Destarte, apresenta-se a seguinte pergunta de revisão: “Como é descrito o processo de identidade social da pessoa transgênero?”

A estratégia de busca aplicou os seguintes descritores: “Social identification”; “Self concept”; “Transgender”; “Transgender persons”; “Transsexualism”. Para o cruzamento, utilizaram-se operadores booleanos “AND” e “OR”, construindo a chave de busca: (“Identificação social” OR “Autoconceito”) AND (“transgêneros” OR “Pessoas transgênero” OR “transexualismo”); em inglês: (“Social identification” OR “Self concept”) AND (“transgender” OR “Transgender persons” OR “transsexualism”); em espanhol: (“Identificación social” OR “Autoconcepto”) AND (“transgénero” OR “Personas transgénero” OR “transexualismo”). Foram selecionados os filtros: tipo de recurso (artigo) e idioma (inglês, português e espanhol). A mesma chave foi utilizada nas seguintes bases: ScienceDirect Journals (Elsevier); SpringerLink; PubMed Central (PMC); Taylor & Francis Online – Journals; Science Citation Index Expanded (Web of Science); MEDLINE\PubMed (NLM); psycINFO - American Psychological Association; CINAHL; Scopus (Elsevier). Para a captação da literatura cinzenta, verificou-se o sistema de informação OpenGrey, MedNar, Catálogo de Teses e Dissertações CAPES e DART – Europe, utilizando igual chave de busca. Como literatura cinzenta consideraram-se teses, dissertações e artigos publicados em bases não convencionais. A etapa de busca nas bases de dados ocorreu nos meses de junho e julho de 2019, utilizando o gerenciador de referências Mendeley 1.19.4. A revisão foi realizada com base na metodologia PRISMA – Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses(16), sem recorte temporal.

Foram incluídas as seguintes produções: teses, dissertações e artigos originais de abordagem qualitativa e quantitativa, artigos de reflexão, revisões integrativas e sistemáticas que versavam sobre a identidade social da pessoa transgênero, publicados em qualquer ano, nos idiomas português, inglês e espanhol. As cartas aos editores e resenhas foram excluídas. A seleção das publicações e a extração dos dados foram realizadas de forma pareada; e, em casos de discordância, foi realizado um debate entre os avaliadores na busca por consenso.

Procedimentos metodológicos da análise de conceito

Para operacionalizar a análise de conceito, aplicou-se o modelo proposto por Walker e Avant(17), tendo em vista o necessário mapeamento dos antecedentes, atributos definidores e consequentes da identidade social da pessoa transgênero que comporte a proposição do diagnóstico de enfermagem “Disposição para identidade social melhorada da pessoa transgênero”. O modelo de Walker e Avant(17) é rigoroso e sistemático, sendo amplamente utilizado na literatura(18). A análise de conceito é um exercício formal e linguístico que examina os elementos de um conceito, sua utilização e o quanto ele é diferente ou semelhante de outras palavras relacionadas. A análise de conceito fornece definições mais precisas para uso em teorias e pesquisas. Contudo, como os conceitos são dinâmicos, uma análise de conceito nunca deve ser apontada como um produto finalizado, mas como uma definição de seus atributos naquele momento(19).

O processo apresentou as seguintes etapas: seleção do conceito, determinação dos objetivos da análise, identificação das utilizações do conceito, determinação dos atributos definidores, identificação de um caso-modelo, identificação de um caso contrário, identificação dos antecedentes e consequentes e definição dos referenciais empíricos.

Na primeira etapa, para a análise de conceito, selecionou-se o conceito “identidade social da pessoa transgênero”. O objetivo da análise de conceito é a produção de conhecimento necessário para a proposição de um diagnóstico de enfermagem do tipo promoção da saúde, tendo em vista que tal método vem sendo usado para a condução da Fase 1 de validação de diagnósticos de enfermagem(20).

Com a análise, visou-se avaliar a utilização do conceito de identidade social voltado para o seu processo de construção em pessoas transgênero. A utilização de tal conceito e os achados sobre o processo possibilitaram a produção de um caso-modelo e de um caso contrário. O processo de análise garantiu a decodificação dos elementos do processo de identidade social da pessoa transgênero em antecedentes, atributos críticos, consequentes e referenciais empíricos.

Na elaboração do caso-modelo e do caso contrário, foram usados os atributos críticos e os indícios da não formação da identidade social, os quais, aliados à criatividade dos autores, formaram casos fictícios que exemplificam pragmaticamente o conceito analisado e a sua não formação. Os casos foram redigidos no formato SOAP (Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano/Ação).

Para identificação dos antecedentes, buscou-se responder a pergunta: “Quais acontecimentos, situações e fenômenos produzem, estimulam ou antecedem a formação da identidade social da pessoa transgênero?” Ademais, também foram verificados os antecedentes que impedem ou prejudicam sua formação. A classificação dos atributos críticos se deu pela decisão sobre as palavras, expressões, situações e fenômenos empregados pelos autores para descrever as características essenciais da identidade social da pessoa transgênero. Já a identificação dos consequentes foi orientada pela pergunta: “Quais são acontecimentos, situações e fenômenos resultantes da identidade social em pessoas transgênero?” Também foram verificados os consequentes da não formação de uma identidade social.

Procedimentos metodológicos para proposição diagnóstica

Após análise do conceito da identidade social da pessoa transgênero, foi conduzida uma interpretação dos achados e extrapolação para o contexto dos diagnósticos de enfermagem de promoção à saúde. Assim, verificaram-se os atributos críticos da identidade social da pessoa transgênero como foco diagnóstico para a proposição de um diagnóstico relacionado à identidade social da pessoa transgênero.

RESULTADOS

A busca resultou em 6.847 produções, sendo 5.603 artigos encontrados em bases convencionais e 1.244 literaturas cinzentas (entre teses, dissertações e artigos). Após a identificação dos estudos duplicados, contabilizou-se a publicação uma única vez, e selecionaram-se 5.503 produções. A aplicação das etapas da metodologia PRISMA e dos critérios de inclusão e de exclusão obteve o total de dez publicações, que constituíram o corpus do estudo. O processo de seleção está apresentado na Figura 1.

O conceito de identidade social foi utilizado e descrito em quatro estudos captados (E1, E2, E3, E4). Nos demais estudos, verificou-se a não definição da identidade social da pessoa transgênero, e outros utilizaram definições gerais sobre identidade social.

Figura 1
Fluxograma do processo de seleção dos artigos, elaborado com base nas recomendações PRISMA

A análise do conceito produziu uma definição para identidade social da pessoa transgênero, como a assimilação de características, desejos e o estabelecimento de vínculos com o grupo considerado de identidade mais solidamente estabelecida pela sociedade, geralmente a do gênero oposto ao biológico (a princípio, grupo externo), compartilhada com a apropriação das características, desejos e estabelecimento de vínculo com o grupo que vive o processo de transição (grupo interno), gerando significância emocional e valorativa de filiação comparticipada dentro de um sistema social.

Para descrição e exemplificação da identidade social da pessoa transgênero, produziu-se o seguinte caso-modelo: P.M.T, 29 anos, mulher trans, solteira. Usuária procura serviço de saúde para renovação de receitas para hipertensão. Relata que gostaria de ser identificada pelo seu nome social, uma vez que reconhece sua identidade transgênero. Expressa desejo em ser percebida, amada e aceita em todos os aspectos da vida, de acordo com o relato: “Sinto desejo de ser vista como uma mulher, notada da maneira que me vejo e não pela maneira que as pessoas dizem que sou. Não vejo a hora de encontrar alguém que me ame e me aceite. Não falo apenas do relacionamento amoroso, mas em todos os aspectos da minha vida.” Apesar de expressar o desejo de ser amada e aceita, identifica o apoio emocional que recebe de pessoas que vivenciam o mesmo processo. A usuária informa: “Apesar de todos esses desejos, encontrei conforto nas ‘manas’, que, assim como eu, estão passando pelo mesmo processo. Com elas, consigo ser mais livre e independente porque uma ajuda a outra, levanta a bola quando todos os outros tentam derrubar.” Destaca-se também a busca pela autonomia, conforme relatado anteriormente. Ao exame físico: orientada no tempo e espaço. Normocorada, hidratada, afebril, acianótica e anictérica. Ausculta cardíaca: bulhas normofonéticas em dois tempos. Ausculta pulmonar: murmúrios vesiculares universalmente audíveis, sem ruídos adventícios. Abdome plano, peristáltico, indolor à palpação. Membros superiores e inferiores livres de edema. Funções vesicointestinais presentes espontaneamente (SIC). Sinais vitais: frequência cardíaca – 88 batimentos por minuto; frequência respiratória – 20 incursões por minuto; temperatura – 36,9 °C; pressão arterial – 130 × 80 mmHg. Usuária encontra-se em processo de transformação corporal. Queixa-se de incômodo na alteração do tom de voz. Em uso: Estradiol β17 valerato (valerato de estradiol) administrado via IM, geralmente usado na dose de 5 a 20 mg, uma vez a cada duas semanas na unidade; hidroclorotiazida 25 mg e atenolol 50 mg. Avaliado o mapa de verificação de pressão arterial, sendo renovada receita de medicações para hipertensão arterial.

A fim de exemplificar o não estabelecimento de uma identidade social da pessoa transgênero, construiu-se o caso contrário, sendo: T.M.C, 22 anos, mulher, solteira. Usuária procura serviço de saúde por estar se sentindo triste. Relata se sentir invisível e excluída em diferentes contextos sociais, principalmente o do mercado de trabalho. Expressa desejo de não ter nascido, pois sente que nunca será vista da maneira que deseja ser. Segundo a usuária: “Eu preferia não ter nascido, porque não é normal ser assim; já tentei ter um jeito mais feminino ou gostar de coisas de mulher para me encaixar melhor, cumprir com as expectativas da minha família. Mas eu não consigo, gosto de bermuda, blusão e de boné. Prefiro andar com a rapaziada, mas eles não querem por eu ser mulher. E por me vestir assim e ter esse meu jeito, as pessoas me olham diferente, até os profissionais de saúde me olham com desdém. Acho que sou motivo de curiosidade, por isso não faço amigos e isso nunca irá mudar.” Ademais, afirma sair pouco de sua casa, pois lhe causa desconforto estar entre outras pessoas. Indica que nunca será amada porque seu corpo não é igual ao que ela deseja e não sente motivação em adequar seu corpo para não ser chamada de “mulher macho” na rua. Solicita ser chamada pelo nome do nascimento, apesar de gostar do apelido “Boné”. Durante a consulta, apresentou crise de choro e desejou ir embora. Pediu-se a ela que permanecesse, mas foi resistente e saiu do consultório de forma abrupta.

Com base nos estudos, foram classificados os antecedentes da identidade social da pessoa transgênero: apoio social de membros da comunidade trans (E1, E2, E4, E5); compreensão da própria identidade de gênero; expressão e transição de gênero (E3, E6); traços na infância de comportamentos tradicionalmente considerados do gênero oposto àquele de seu nascimento (E3, E4); mídia (E7); apoio de amigos(as), familiares e outros contatos de significância para a pessoa (E8); maior envolvimento da família no processo de transição (E4, E8). Determinou-se como antecedentes que impedem ou prejudicam a formação da identidade social: mensagens sociais que minimizam ou desvalorizam as identidades (E1, E7, E9); invisibilidade ou exclusão de pessoas transgênero de diferentes contextos socioculturais (E9).

Os atributos críticos para formação da identidade social são: maior proximidade com a comunidade trans (E7, E6); desejo ou em processo de transformação corporal (E3, E4, E8, E10); busca por autonomia (E6); desejo de ser percebido(a), amado(a) e aceito(a) em todos os aspectos da vida (E8, E10); reconhecimento como transgênero (E5); reconhecimento do nome social (E3, E4).

Os consequentes da identidade social abrangem autoimagem corporal positiva (E3, E4); conforto com seu gênero (E2, E6, E9); resistência às mensagens sociais negativas (E7, E9); fortalecimento da identidade trans (E2, E5, E6); satisfação com a vida (E2, E4); fortalecimento das relações sociais e resiliência (E2, E6, E7); ajuste social (E5); níveis mais baixos de depressão e ansiedade, menos comportamentos suicidas, comportamento positivo de enfrentamento (E8); aumento da autoestima e qualidade de vida (E4, E8); aumento da confiança pessoal (E4). Foram verificados como consequentes da não formação de uma identidade social: autopercepções negativas (E9); tristeza e depressão (E6, E9); transfobia internalizada e vulnerabilidade no nível individual (E10); e um comportamento de passividade nas relações sexuais (E3, E10).

São referenciais empíricos da identidade social da pessoa transgênero, as classes ou categorias do fenômeno capazes de serem mensuradas no mundo real. Assim, baseados nos atributos críticos, é possível considerar como referenciais empíricos: existência de uma rede social com integrantes da comunidade trans; estabelecimento de vínculos com o grupo considerado de identidade mais solidamente estabelecida pela sociedade; a participação ativa nas lutas pelo reconhecimento dos direitos da comunidade trans; maior autonomia no desenvolvimento das atividades individuais e sociais; compartilhamento de uma estética social, como a utilização de roupas e acessórios que personifiquem uma identidade do grupo; realização de tratamentos hormonais e cirúrgicos para paulatinamente transformar suas características primárias e secundárias nas do sexo desejado; o expresso desejo de ser reconhecido(a), amado(a) e aceito(a) em sociedade; e a busca pelo registro ou utilização do nome social.

A análise do conceito forneceu elementos de evidência para a proposição do diagnóstico de enfermagem “Disposição para identidade social melhorada da pessoa transgênero”, que é definido como “Padrão de desejo, motivação ou condições para assimilação de características e estabelecimento de vínculos que geram significância emocional e valorativa de filiação comparticipada dentro de um sistema social da pessoa transgênero que pode ser melhorado”. Apresenta-se a composição do diagnóstico na Figura 2.

Figura 2
Diagnóstico de enfermagem "Disposição para identidade social melhorada da pessoa transgênero"

DISCUSSÃO

O conceito de identidade social da pessoa transgênero evidencia a existência de dois grupos: o interno, no qual se está inserido, o “nós”, dando ideia de proximidade; ao passo que o grupo externo seria aquele em que não se está inserido, o “eles”, demonstrando relação de certo distanciamento(21). Assim, é possível afirmar que o desejo de fazer parte do grupo divergente da designação biológica leva à percepção de falta tanto de pertencimento quanto de reconhecimento social, caracterizando esse grupo inicialmente como “externo”. Entretanto, uma vez construída e reconhecida a identidade de gênero, esse grupo deixa de ser compreendido como externo e passa a ser interno, coexistindo com grupo de pessoas que reconhecem o gênero de forma divergente do designado biologicamente e vivem ou desejam o processo de transição.

A pessoa transgênero se identifica e se reconhece de forma comparticipada no grupo do gênero construído, assim como no grupo de pessoas que se percebem e vivenciam o mesmo processo de estabelecimento de gênero divergente do designado pelo sexo biológico(21). Em adição, com os procedimentos de saúde e as peculiaridades do processo de transição, as pessoas compartilham características próprias com os que vivenciam esse processo, fortalecendo a identidade do grupo que inicialmente era considerado interno.

No campo do direito à vida e à saúde, é imperativo que as diferentes disciplinas de atuação da área estejam atentas a movimentos sociais e de direitos para produção de avanços epistemológicos. Novos reconhecimentos têm sido evidenciados nas políticas de inclusão da diversidade sexual e de gênero em instituições de ensino e organizações públicas e privadas, bem como na indústria cultural(22). Um exemplo notório é a produção da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) no Brasil, reconhecida como marco histórico para a visibilidade das demandas dessa população em condição de vulnerabilidade(23).

As modificações contínuas e complexas do conhecimento científico, dos movimentos sociais e de direitos ao longo do tempo impulsionam e sobrelevam a necessidade de desenvolver a análise dos conceitos de interesse para a prática cotidiana da enfermagem. Isso porque, mediante a análise, é possível mapear e decodificar saberes, produzir e redefinir conceitos de natureza específica de atuação e da metodologia científica da profissão(24). Nesse sentido, tal estratégia vem sendo considerada para desenvolver diagnósticos de enfermagem, uma vez que o esclarecimento dos conceitos e dos fenômenos provê embasamento para que o enfermeiro consiga diagnosticar, planejar e intervir de maneira eficaz(18).

Destaca-se o desenvolvimento do diagnóstico de “Disposição para identidade social melhorada da pessoa transgênero” como produto de avanço epistemológico em enfermagem, já que é de relevância a identificação de respostas humanas caracterizadas tipologicamente como conclusões de promoção da saúde, sobretudo para grupos vulneráveis, pois os enfermeiros assumem a responsabilidade de identificar oportunidades de promoção da saúde para indivíduos, famílias, grupos e comunidades. Assim, embora a taxonomia NANDA-I ofereça um domínio chamado “promoção da saúde”, é necessário e desejável produzir e relacionar os diagnósticos de outros domínios para incluir as ações de promoção da saúde voltadas para diferentes públicos(22).

A identidade social deve ser objeto de ênfase para a saúde, pois o sentimento dos sujeitos trans de pertença à sociedade da qual fazem parte provoca integração e exerce direitos e deveres universais previstos por lei(23). Identificar que tal fenômeno produz a assimilação de características, desejos e o estabelecimento de vínculos, gerando significância emocional e valorativa de filiação comparticipada dentro de um sistema social, instrumentaliza ações voltadas à promoção da saúde.

As evidências recuperadas neste estudo sinalizam a necessidade de ações coletivas para promoção ou manutenção do apoio social de membros da comunidade trans(21,25-27); do papel da mídia(28); do apoio de amigos, familiares e outros contatos de significância para a pessoa(27); e do maior envolvimento da família no processo de transição(27), pois estes são fatores que antecedem a formação de uma identidade social da pessoa transgênero.

Os benefícios da sua formação também foram identificados pelos estudos, sendo destaque: autoimagem corporal positiva(26,29); ajuste social(30); conforto com seu gênero(29,31-32); resistência às mensagens sociais negativas(28,32); fortalecimento da identidade trans(25,27,31); satisfação com a vida(25-26); fortalecimento das relações sociais e resiliência(25,28,31); níveis mais baixos de depressão e ansiedade, menos comportamentos suicidas e comportamento positivo de enfrentamento(29); aumento da autoestima e qualidade de vida(29,31); e aumento da confiança pessoal(26). Portanto, as implicações diretas da identidade social para saúde são inúmeras e multifacetadas.

A identidade social dá às pessoas a possibilidade de se autorreconhecerem, de saberem quem são, de conhecerem sua pertença grupal, de se relacionarem e interagirem na sociedade, além de poder ser uma via para identificar situações de preconceito e de discriminação(33). Sendo assim, conhecer os elementos que sustentam a identidade social de pessoas trans integra o conjunto de saberes necessários à compreensão do ser humano, para prestar-lhe um melhor cuidado.

Aliado a isso, a proposição diagnóstica pode assegurar a identificação de uma oportunidade de promoção da saúde durante a assistência de enfermagem, visando à consolidação da identidade social para produção dos seus benefícios e para o exercício do cuidado à pessoa transgênero(13). O reconhecimento de tal resposta humana vai ao encontro da responsabilidade dos profissionais de enfermagem de assumir o cuidado, na dimensão não somente política, mas ética e legal, além de favorecer, em instituições formadoras e associações científicas, a promoção de debates em prol do desenvolvimento técnico, científico, cultural e político em favor das minorias sexuais e de gênero(34).

Limitações do estudo

É reconhecida uma variedade de possibilidades de autorreferência no que tange à identidade de gênero; nesse sentido, como limitação, o diagnóstico proposto atende a uma identidade social abrangente às pessoas transgênero, sem tratar propriamente das especificidades de subgrupos que possam existir nessa população. Ademais, se reconhece a necessidade de validação clínica e de conteúdo do diagnóstico de enfermagem proposto.

Contribuições para a área da Enfermagem, Saúde ou Política Pública

A proposição do diagnóstico “Disposição para a identidade social melhorada da pessoa transgênero” contribui não apenas para consolidação dos sistemas de classificação em enfermagem, mas também para a proposição de cuidados que favoreça a promoção da cidadania, da inclusão e da justiça social. Nesse sentido, contribui, também, para potencializar os resultados da Política Nacional de Saúde LGBT, pautando-se na aplicação de um conceito de identidade social e de um diagnóstico de enfermagem que possibilite a realização de cuidados apropriados às situações específicas da população LGBT.

CONCLUSÃO

A identidade social viabiliza o autorreconhecimento das pessoas em relação a determinado grupo, dando-lhes condições de referência para o estabelecimento de relações e interações sociais. Nesse sentido, a identidade social tem estreita relação com a saúde, ao ser compreendida como um complexo biopsicossocial. Diagnósticos de enfermagem favorecem a proposição de cuidados em atenção às especificidades das respostas humanas; nesse ínterim, a proposição do diagnóstico “Disposição para identidade social melhorada da pessoa transgênero” concorre para que as pessoas trans fortaleçam seus sentidos de pertença nos grupos e no mundo social e, com isso, potencializem-se perante os demais grupos sociais autoafirmando-se como sujeitos de direitos e cidadãos.

  • No artigo “Identidade social da pessoa transgênero: análise do conceito e proposição do diagnóstico de enfermagem”, com número de DOI: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0070, publicado no periódico Revista Brasileira de Enfermagem, 73(Suppl 5):e20200070, na primeira página:
    Onde se lia:
    Graziele Ribeiro BitencourtI
    ORCID: 0000-0002-9130-9370
    Lê-se:
    Graziele Ribeiro BitencourtI
    ORCID: 0000-0002-9130-9307

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Editado por

  • EDITOR CHEFE: Antonio José De Almeida Filho
  • EDITOR ASSOCIADO: Fátima Helena Espírito Santo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Dez 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    31 Mar 2020
  • Aceito
    13 Jul 2020
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