Open-access Teatro do Oprimido e bullying: atuação da Enfermagem na saúde do adolescente escolar

RESUMO

Objetivo:  avaliar os efeitos de uma intervenção baseada no Teatro do Oprimido na redução do bullying escolar.

Método:  estudo quase-experimental, realizado com 232 estudantes do primeiro ano do Ensino Médio de duas escolas públicas da cidade de Cuiabá-MT. Realizou-se uma intervenção com o Teatro do Oprimido, metodologia teatral criada por Augusto Boal e inspirada na obra “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire, em que uma escola compôs o grupo de intervenção, e a outra escola, o grupo de comparação. Ambos os grupos foram avaliados quanto ao envolvimento em situações de bullying antes e depois da realização da intervenção. Para análise dos dados, utilizaram-se modelos de Regressão de Poisson com efeito aleatório.

Resultados:  o grupo de intervenção apresentou redução significativa na vitimização direta (agressões físicas e verbais).

Conclusão:  o Teatro do Oprimido representa uma estratégia importante na redução da vitimização por bullying entre adolescentes escolares.

Descritores: Bullying; Violência; Enfermagem; Adolescente; Saúde do Adolescente

ABSTRACT

Objective:  to assess the effects of an intervention based on the Theater of the Oppressed in reducing school bullying.

Method:  a quasi-experimental study with 232 first-year high school students from two public schools in the city of Cuiabá, Mato Grosso State, Brazil. An intervention was performed with the Theater of the Oppressed, a theatrical methodology created by Augusto Boal and inspired by Paulo Freire’s “Pedagogy of the Oppressed”, in which one school composed the intervention group, and another school, the comparison group. Both groups were assessed for involvement in bullying situations before and after intervention. For data analysis, Poisson Regression models with random effect were used.

Results:  intervention group presented a significant decrease in direct victimization (physical and verbal aggression).

Conclusion:  the Theater of the Oppressed represents an important strategy in reducing bullying victimization among school adolescents.

Descriptors: Bullying; Violence; Nursing; Adolescent; Adolescent Health

RESUMEN

Objetivo:  evaluar los efectos de una intervención basada en el Teatro del Oprimido para reducir el bullyig escolar.

Método:  un estudio cuasi experimental con 232 estudiantes de primer año de secundaria de dos escuelas públicas en la ciudad de Cuiabá, estado de Mato Grosso. Se realizó una intervención con el Teatro del Oprimido, una metodología teatral creada por Augusto Boal e inspirada en la “Pedagogía del Oprimido” de Paulo Freire, en la que una escuela compuso el grupo de intervención y otra escuela, el grupo de comparación. Ambos grupos fueron evaluados por su participación en situaciones de bullying antes y después de la intervención. Para el análisis de los datos, utilizamos modelos de regresión de Poisson con efecto aleatorio.

Resultados:  el grupo de intervención presentó una reducción significativa en la victimización directa (agresión física y verbal).

Conclusión:  el Teatro del Oprimido representa una estrategia importante para reducir la victimización por bullying entre los adolescentes escolares.

Descriptores: Bullying; Violencia; Enfermería; Adolescente; Salud del Adolescente

INTRODUÇÃO

A adolescência envolve diversas mudanças nos aspectos físicos, emocionais e sociais(1). O processo de adolescer possui diferentes interpretações, conceituações variadas que destacam suas vulnerabilidades e potencialidades. Trata-se de um período de desenvolvimento complexo e construído histórica e socialmente, no qual podem se manifestar comportamentos de risco, tais como uso de substâncias ilícitas, relação sexual desprotegida, situações de violência, comportamentos infracionais, entre outros(2-3). Dentre esses comportamentos, a violência entre pares no contexto escolar destaca-se devido à sua elevada ocorrência(4). Como os adolescentes passam grande parte de seu tempo diário na escola, situações de conflitos e intimidação sistemática (bullying) podem se tornar recorrentes nas interações com seus pares(5).

O bullying é um tipo de violência escolar caracterizado por ações repetitivas, intencionais, sem motivação aparente e que envolvem desequilíbrio de poder entre vítimas e agressores(6). Ele pode se manifestar por meio de agressão e vitimização diretas, que são representadas pela ação de se praticar e/ou se sofrer: provocações, brigas, empurrões, socos, chutes e xingamentos. A agressão e a vitimização relacionais são caracterizadas por ações de excluir de grupos e/ou brincadeiras, apelidar, espalhar boatos sobre colegas para fazerem os outros rirem e incentivar brigas. A agressão e a vitimização indiretas são caracterizadas pelas ações de roubar ou de mexer nos pertences de colegas(7). A ocorrência média de bullying nas escolas brasileiras é de 28%(8), acima da média de países como Grécia (16,0%), Espanha (17,4%), Finlândia (18,2%) e Estados Unidos (24,5%)(9).

Estudos ressaltam que os efeitos negativos do bullying podem afetar diretamente os estudantes envolvidos com acometimentos na saúde física (machucados e lesões, por exemplo) e mental (tristeza, depressão, baixa autoestima e pensamentos suicidas, entre outros), bem como nas relações sociais (isolamento) e no desempenho escolar (não aprendizagem, notas baixas e evasão escolar)(6,10). Diante deste cenário, destaca-se a importância do desenvolvimento de estratégias que auxiliem na redução e prevenção deste tipo de violência por meio de intervenções que promovam o bom convívio social, a autoestima e a resolução cooperativa de conflitos(11).

Considerando a magnitude e os resultados apresentados nos atuais estudos sobre bullying no contexto escolar(8,12-13), e entendendo a Enfermagem enquanto uma prática social, propomos o presente estudo, o qual entra no campo de algumas tensões pouco exploradas.

A primeira delas situa-se no próprio trabalho do enfermeiro na escola, na atuação da equipe de saúde e enfermagem, com o tema “violência”, na perspectiva da prevenção deste agravo na escola e da promoção de saúde. A segunda refere-se ao fato de que, historicamente, viemos trabalhando no espaço escolar com as questões da atenção individual e curativa em detrimento a processos de transformação social que conjugam o bem coletivo; e, por fim, a concepção normalizada e banalizada da violência entre pares, obscurecida pela roupagem dos estilos educativos, dos comportamentos supostamente esperados e pela tolerância a comportamentos negativos.

É a partir da tendência que busca incluir o bullying dentro dos programas mais amplos de prevenção da violência, compreendendo sua gênese nos processos socioculturais(14), que podemos associar a propositura de um programa de intervenção vinculado à estratégia de promoção da saúde e à integralidade do cuidado no trabalho do enfermeiro na escola, modelo este denominado como emancipatório, uma vez que busca o empoderamento e a participação dos sujeitos envolvidos.

Uma modalidade de intervenção que internacionalmente tem sido desenvolvida por enfermeiros, visando à prevenção e ao enfrentamento do bullying escolar, é a dramatização. Ela possibilita o envolvimento dos sujeitos na socialização de vivências, e emprega recursos, como a fala, a arte, os movimentos corporais que favorecem acesso a níveis afetivos e emocionais por meio da linguagem artística, corporal e verbal, além de ser capaz de decodificar as informações transmitidas e a percepção do participante(15-16). Uma intervenção baseada em teatro desenvolvida na Finlândia com estudantes do quinto ano melhorou a empatia, o comportamento pró-social, a compreensão da diversidade e das consequências do bullying(17). Um estudo similar foi desenvolvido nos Estados Unidos, com o objetivo de promover relações saudáveis entre os estudantes do oitavo ano, prevenir o bullying e a violência no namoro. Os estudantes apontaram que a intervenção mudaria os seus comportamentos futuros em relação às temáticas trabalhadas nas apresentações(18).

Porém, nenhuma das intervenções relatadas foi desenvolvida com base no Teatro do Oprimido, técnica teatral criada por Augusto Boal na década de 70, com intuito de romper a dicotomia entre teatro e plateia e, assim, promover um teatro com envolvimento de todos(19). Essa técnica foi inspirada na obra “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire, que analisa as consequências políticas, sociais e pedagógicas das diferentes formas de relações humanas, concebendo um método pedagógico humano e libertador, em que os oprimidos desvelam o mundo da opressão por meio da transformação de sua prática e, em um segundo momento, transformam a realidade opressora(20). O Teatro do Oprimido, ao incorporar os pensamentos de Freire, defende o diálogo e a cooperação na busca de problematizar, compreender e transformar a realidade(20), tendo como proposta dar voz e poder a qualquer pessoa ou grupo que sofra algum tipo de opressão(21), como as vítimas de bullying.

OBJETIVO

Avaliar os efeitos de uma intervenção baseada no Teatro do Oprimido na redução do bullying escolar.

MÉTODO

Aspectos éticos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP). Os responsáveis pelos adolescentes menores de 18 anos permitiram a participação dos mesmos por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os adolescentes manifestaram a anuência em participar do estudo por meio da assinatura do Termo de Assentimento.

Desenho, local de estudo e período

Trata-se de um estudo com delineamento quase-experimental, pois não comtempla todas as características de um estudo experimental, principalmente no que se refere à randomização e à composição equivalente entre grupo experimental e grupo controle(22). A coleta de dados foi realizada em duas escolas públicas da cidade de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso. Uma escola constituiu o grupo de intervenção, na qual foi desenvolvida a técnica do Teatro do Oprimido. A outra escola constituiu o grupo de comparação, que não participou das atividades propostas na intervenção. Ambos os grupos foram avaliados quanto ao envolvimento dos estudantes em situações de bullying antes e depois da ação educativa de dramatização com o Teatro do Oprimido na escola-intervenção, com vistas a avaliar o efeito da intervenção na redução do bullying. A coleta de dados ocorreu no ano de 2016, a avaliação pré-intervenção foi realizada no mês de outubro, o Teatro do Oprimido foi realizado no período de outubro a novembro, e a avaliação pós-intervenção foi realizada no mês de dezembro.

População do estudo e critérios de inclusão

Participaram do estudo 232 estudantes do primeiro ano do Ensino Médio, por ser esse um período de transição escolar do Ensino Fundamental para o Ensino Médio, no qual se evidencia maior ocorrência de bullying(10). Como critérios de inclusão, foram definidos: estar presente no momento pré-intervenção da coleta de dados, ser adolescente (idade compreendida entre 10 a 19 anos de acordo com Organização Mundial da Saúde - OMS) e ter uma autorização dos pais ou responsável, em caso de adolescentes menores de 18 anos. Assim, foram elegíveis para o estudo todos os adolescentes que atenderam aos critérios de inclusão e que desejaram participar da pesquisa. Não houve perda entre a fase pré e pós-intervenção.

Protocolo

A intervenção foi composta por duas fases, sendo a primeira um momento de aproximação entre a pesquisadora e os sujeitos do estudo e de sensibilização destes em relação ao bullying. Nessa etapa, os adolescentes participaram de jogos grupais pertencentes ao Teatro do Oprimido, que foram aplicados em uma única vez, em formato de oficinas, com cada uma das 10 turmas de primeiro ano do Ensino Médio da escola intervenção, com duração média de uma hora e vinte minutos em cada turma.

Augusto Boal, em seu livro “Jogos para atores e não atores” dividiu seus jogos em cinco categorias: a primeira procura diminuir a distância entre sentir e tocar; a segunda, entre escutar e ouvir; a terceira busca desenvolver os vários sentidos ao mesmo tempo; na quarta, tenta-se ver tudo que se olha e, na quinta categoria, a finalidade é despertar e trabalhar a memória(23). Nesse sentido, a primeira fase da intervenção contemplou, em uma escala crescente, jogos de todas as categorias. Logo, após a aplicação dos jogos teatrais, foi realizada uma lista com os nomes dos alunos interessados em participar da estruturação e apresentação da encenação que compôs o segundo momento da intervenção.

A partir da lista de alunos interessados em participar da encenação, foram formadas duas equipes organizadoras, sendo que cada uma apresentou sua representação teatral para as cinco turmas, das quais eles não faziam parte, oferecendo-lhes a oportunidade de ser “espect-atores” (denominação criada por Boal para espectadores que podem intervir na encenação) na outra apresentação. Desse modo, o segundo momento da intervenção constituiu a organização de uma peça teatral sobre o bullying, de autoria dos próprios adolescentes, na qual os temas e as situações encenadas tiveram origem na própria experiência dos participantes. O mais importante era envolver os adolescentes na dramatização e problematização de situações por eles vivenciadas, que partissem de suas necessidades e que fizessem sentido para eles.

Assim, foram apresentadas as principais situações por eles vivenciadas, os desafios que enfrentaram para superarem a situação, o modo como se sentiam, as consequências negativas da violência, bem como formas de superá-las. Para tal, dentre as demais modalidades do Teatro do Oprimido, foi selecionada a técnica do Teatro Fórum, que se refere à dramatização de situações reais, permeadas por conflitos, na qual os espectadores, denominados por Augusto Boal como “espect-atores”, são convidados a participar da encenação, com vistas a construírem soluções, formas de superarem a opressão da situação vivenciada em cena(21).

Desta forma, a encenação, em um primeiro momento, foi apresentada de forma convencional, em que se mostrou determinada situação de bullying, como uma opressão que se deseja combater. Perguntou-se, em seguida, se os “espect-atores”, estavam de acordo com a solução proposta pelo protagonista na cena. A partir daí, deu-se início ao revezamento com o protagonista, em que foram apresentadas as ideias, as experiências, as vivências e as soluções de enfrentamento propostas pelos “espect-atores”. A intervenção teve duração total de dois meses, realizada em dias alternados. Assim, foram dezesseis dias efetivos de intervenção, em que quatro deles foram destinados aos encontros/reuniões com os grupos de organização da encenação. A realização dos jogos ocorreu em dez dias, e a encenação foi apresentada em dois. Todo o processo de encenação do Teatro Fórum, desde a elaboração até a apresentação, foi mediado por uma das pesquisadoras que possui formação em Teatro do Oprimido.

Para avaliar o envolvimento dos estudantes em situações de bullying, foi utilizada a Escala de Agressão e Vitimização entre Pares - EVAP(7). Trata-se de um instrumento validado no Brasil, composta por 18 questões relacionadas a comportamentos de bullying no ambiente escolar, cuja aplicação pode ser realizada com alunos desde o 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Foi aplicado um questionário de caracterização sociodemográfica elaborado para esta pesquisa.

Análise dos resultados e estatística

A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva (média e Desvio Padrão). O teste de associação Qui-Quadrado foi utilizado para mensurar a associação entre variáveis categóricas. Para se comparar as variáveis de agressão e vitimização com relação ao tempo (pré e pós) e as escolas (comparação e intervenção), utilizou-se o modelo de Regressão de Poisson, com efeito aleatório. As análises foram realizadas com auxílio do programa SAS 9.3. Considerou-se para todas as análises um nível de significância de 5%, p<0,05.

RESULTADOS

Dentre os 232 adolescentes investigados, 134 (57,8%) compuseram o grupo de intervenção (GI) e 98 (42,2%) constituíram o grupo de comparação (GC). Os dois grupos foram equivalentes em relação à quantidade de meninos, sendo 54,5% no GI e 55,1% no GC. Em relação à idade, a maioria dos participantes do GI tinha 15 anos (57,1%). Já no GC, a idade prevalente foi de 16 anos (44.33%), diferença que não foi estatisticamente significativa (p=0,0666). A cor da pele foi semelhante nos grupos (p=0,0823). GI: pardos (55,6%), negros (27,1%), brancos (15,0%) e amarelos (2,3%). GC: pardos (59,8%), negros (21,6%), brancos (11,3%), amarelos (2,1%) e indígenas (2,2%).

A Tabela 1 apresenta as diferenças obtidas pelo modelo de Regressão de Poisson para as variáveis em relação à agressão e vitimização nos momentos pré e pós-intervenção.

Tabela 1
Comparação entre os grupos (de intervenção e comparação) em relação à agressão e vitimização nos momentos pré e pós-intervenção por meio da Regressão de Poisson, Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, 2016

Os resultados indicaram redução não significativa na agressão direta no GI e no GC. A agressão relacional também não reduziu significativamente em ambos os grupos. Porém, agressão indireta diminuiu no GI e aumentou no GC, mas em níveis não significativos. Destaca-se que o GI apresentou redução significativa na vitimização direta (β=0,102, SE=0,045, p=0,02), enquanto que no GC houve aumento, embora sem significância. A vitimização relacional aumentou para os GI e GC em níveis não significativos. A vitimização indireta diminuiu não significativamente nos dois grupos.

DISCUSSÃO

O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de uma intervenção baseada no Teatro do Oprimido, na redução do bullying escolar. Os resultados indicaram que a ocorrência de agressão e vitimização direta foi maior em relação à agressão e vitimização relacionais e indiretas, em ambos os grupos investigados (intervenção e comparação). Resultados semelhantes foram identificados por outro estudo nacional realizado em escolas públicas de um estado da região Sul do Brasil, que identificou que as agressões diretas (físicas) foram mais prevalentes do que as agressões psicológicas (relacionais)(24). Situação diferente à identificada em dois estudos realizados nos Estados Unidos, com estudantes de escolas públicas, nos quais as médias de vitimização e agressão relacionais foram superiores às médias de vitimização e agressão físicas(25-26).

De modo geral, a forma como os estudantes praticam e sofrem bullying se altera ao longo do desenvolvimento. Na infância, prevalecem as agressões físicas. Na adolescência, ocorreram mais as agressões relacionais e indiretas(27). Talvez isso ocorra porque os adolescentes compreendem melhor a natureza prejudicial do bullying ou porque as agressões por eles praticadas possam ser interpretadas pelos professores como possuindo maior gravidade e, assim, receberem punições mais severas(28), o que colabora para que as agressões ocorram de forma cada vez mais sutil e implícita, o que dificulta a sua identificação e, consequentemente, a responsabilização dos agressores. A constatação de que a agressão física é praticada em maior quantidade nas escolas investigadas neste estudo pode indicar que ela talvez não seja interpretada por um viés normativo pelas autoridades escolares e pelos colegas que não a consideram prejudicial e, por conta disso, não repudiam a sua ocorrência. Assim sendo, são necessárias iniciativas interventivas visando conscientizar professores e colegas sobre os aspectos negativos da violência, bem como sensibilizá-los para que se posicionem a favor da não violência(29), tal como a proposta do Teatro do Oprimido.

A esse respeito, um estudo sobre a violência no namoro, que utilizou o Teatro do Oprimido como estratégia de intervenção, identificou aumento das autorreflexões acerca do tema e promoção de respostas não violentas, caracterizando-se como uma estratégia recomendada para utilização em estudos que visem à redução das violências entre os adolescentes(18). O Teatro do Oprimido induz o participante a refletir sobre seus conflitos, a melhorar a expressão dialógica e corporal, além de estimular a participação ativa e a autonomia(19,30-31). Assim, a participação ativa dos envolvidos, a promoção de criatividade, o pensamento crítico/reflexivo e a expressão da singularidade do adolescente promovem o seu empoderamento como sujeito protagonista de suas ações, mais ativo e autônomo na superação de suas dificuldades. Os resultados do presente estudo comprovaram essas afirmações, uma vez que a vitimização direta (física e verbal) reduziu significativamente no GI após a realização do Teatro do Oprimido.

O Teatro do Oprimido de Boal, por estar diretamente conectado à Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, tem como principal mecanismo de ação a libertação do oprimido(20). Assim, o primeiro momento de uma transformação social é marcado, incialmente, pela ação do oprimido em desvelar o mundo da opressão por meio de sua prática e alteração de conduta(20). Nesta perspectiva, a redução da vitimização pode estar diretamente relacionada à mudança de conduta das vítimas de bullying, após a intervenção, que passaram a desvelar sua opressão, descobrindo a natureza do bullying, os meios pelos quais ele pode ser enfrentado e liberando-se do medo de agir contra a opressão por meio das soluções apresentadas e disponíveis em seu cotidiano(32).

É importante destacar também que o fato de a intervenção, no presente estudo, não ter apresentado um efeito significativo na redução das agressões e vitimizações físicas indiretas e relacionais, pode ser justificado pelo contexto local da escola pertencente ao GI. Durante a intervenção, observou-se uma tendência ao bullying em sua forma física direta. Os temas e cenas sugeridas e encenadas pelos adolescentes na peça Fórum apresentaram, principalmente, situações de agressões e vitimizações físicas diretas, talvez por essas serem consideradas mais graves pelos estudantes e pela equipe escolar. A esse respeito, outros pesquisadores destacam que a agressão direta representa uma forma de bullying mais evidente na comunidade escolar, provavelmente por suas manifestações serem mais visíveis aos olhos de quem o pratica, sofre suas consequências ou o testemunha(33-34).

No que se refere ao efeito da intervenção na agressão direta, no México, identificou-se situação semelhante no presente estudo. Após a intervenção, houve uma redução do bullying em frequência e intensidade, porém a agressão em sua forma direta não diminuiu(35). No Brasil, pesquisadores identificaram uma redução das agressões em sua forma direta, porém a intervenção teve efeito paliativo, reduzindo as situações de bullying apenas por alguns dias e semanas(36). No entanto, outros pesquisadores que utilizaram intervenções antibullying multidimensionais, incluindo outras atividades além da dramatização e envolvimento de outros atores sociais além dos adolescentes, tais como professores, pais e demais profissionais, identificaram uma redução da agressão direta logo após a intervenção(37-39).

Em nível nacional, o Brasil tem avançado na realização de estudos, com o intuito de testar formas e estratégias de combater e prevenir a violência escolar. No entanto, ainda apresenta uma lacuna no que concerne a realização de estudos de intervenção na prevenção do bullying, especificamente(1). O Teatro do Oprimido, portanto, pode ser assumido como uma possibilidade concreta de prevenção e enfrentamento desse fenômeno nas escolas, especialmente considerando-se que as consequências do bullying vão além dos danos físicos, incluindo outros prejuízos emocionais, como depressão, ideação suicida, abandono escolar, déficit de atenção, transtornos de ansiedade, interferência nas relações sociais e familiares, entre outros que podem perdurar até a vida adulta(40). Outras intervenções antibullying desenvolvidas com dramatização também apresentaram resultados positivos(17,41) comprovando a eficácia deste tipo de intervenção.

Limitações do estudo

Os resultados do presente estudo devem ser interpretados considerando-se algumas limitações. A primeira elas é que a avaliação pós-intervenção ocorreu imediatamente após o término das ações do Teatro do Oprimido. O mais indicado seria a existência de um intervalo de tempo maior, uma vez que mudanças comportamentais demandam maior tempo para se efetivarem nas relações sociais. Outra limitação relaciona-se ao instrumento utilizado na coleta de dados que não inclui o cyberbullying entre as variáveis investigadas, um tipo de agressão que tem aumentado na atualidade, devido ao maior acesso dos estudantes à internet e ao maior anonimato que esse tipo de agressão proporciona(42). Pesquisas futuras podem superar estas limitações, ao adotarem um tempo maior entre as medidas pré-intervenção e pós-intervenção e ao utilizarem instrumentos para coleta de dados que também mensurem a ocorrência de cyberbullying. Além disso, o presente estudo não contemplou uma análise das impressões dos adolescentes em relação à intervenção e quais foram as estratégias de enfrentamento do bullying, após a prática educativa com a metodologia teatral utilizada. Apesar das limitações identificadas, a intervenção baseada no Teatro do Oprimido foi estatisticamente bem-sucedida na redução do bullying a curto prazo, especialmente considerando-se que no período de transição escolar, como o abordado neste estudo, ocorrem mais agressões.

Contribuições para a área da Enfermagem e Saúde

É importante ressaltar que a qualidade das interações sociais entre crianças e adolescentes na escola e as situações de violência, como o bullying, são temas relevantes não somente para a educação, mas também para a Saúde e a Enfermagem. O bullying desponta, assim, como um tema transversal que requer a adoção de estratégias de intervenção que promovam o empoderamento individual dos estudantes, alterando o modo como as relações são estabelecidas no ambiente educacional enquanto espaço coletivo(43). Trata-se de uma perspectiva importante para as práticas de educação e promoção de saúde na escola, pois o empoderamento individual permite o desenvolvimento do empoderamento comunitário (coletivo), exercendo efeitos positivos na aprendizagem, saúde e qualidade de vida dos estudantes(44). Melhorias na qualidade das interações sociais dos estudantes podem ser desenvolvidas por enfermeiros como estímulo ao estabelecimento de uma cultura de não violência na escola e, assim, reduzir a ocorrência de bullying, especialmente considerando-se que a atuação intersetorial desses profissionais na área de violência contra crianças e adolescentes ainda representa um desafio(44). Acreditamos que este estudo traz novas contribuições, à medida que insere a possibilidade da atuação do enfermeiro por meio de uma prática intersetorial direcionada pelo cuidado integral que se baseia em ações dentro de um modelo dialógico e crítico de educação em saúde. O Teatro do Oprimido desponta, desse modo, como uma estratégia que pode ser incorporada à prática dos profissionais da Enfermagem em atuação intersetorial.

CONCLUSÃO

A vitimização direta reduziu significativamente no grupo que participou da intervenção baseada no Teatro do Oprimido. Evidenciou-se que ele representa uma metodologia que pode auxiliar positivamente nas ações de prevenção e enfrentamento do bullying entre adolescentes escolares, por favorecer o empoderamento dos estudantes mediante a melhoria de suas interações e qualidade de vida na escola. Assim, é necessário que as áreas de educação e saúde, em especial a Enfermagem na Atenção Básica, enquanto práticas sociais, contribuam para a produção do conhecimento científico no campo de violência escolar, ampliem seus conhecimentos, apropriem de novas teorias e práticas. Na escola, (re)construam um modelo de atenção à criança e ao adolescente que atue na prevenção e minimização do bullying.

  • FOMENTO
    Este estudo teve auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso – FAPEMAT, por meio de bolsa na modalidade Doutorado (Processo nº 152854/2015) e foi financiado pelo processo nº 2018/04570-0 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

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Editado por

  • EDITOR CHEFE: Dulce Aparecida Barbosa
    EDITOR ASSOCIADO: Cristina Parada

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Fev 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    16 Jan 2018
  • Aceito
    18 Ago 2018
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