Resumo
A partir da teoria da esfera civil, este artigo analisa como dois discursos concorrentes disputam o sentido da Greve Geral das Mulheres contra o feminicídio, ocorrida no México em 2020. Por um lado, tal protesto foi interpretado como uma proposta de mulheres autônomas para chamar atenção para as condições de violência contra a mulher. Por outro, foi considerado uma iniciativa de grupos conservadores para minar a legitimidade do governo. Cada discurso atribuía um caráter autêntico ou impuro à greve e aos atores que a apoiavam. Foi realizada uma análise de colunas políticas de cinco jornais do México para observar como as razões, as relações e as instituições civis e anti-civis eram atribuídas a quem apoiava ou criticava a greve. Os resultados mostram que a disputa colocou em xeque os contornos do feminismo, as formas de protesto das mulheres e a maneira como o governo avaliava a veracidade de suas demandas.
Palavras-chave: Protesto das mulheres; Violência contra a mulher; Feminicídio; Esfera civil; Greve geral